Encontro com a juventude foi o último compromisso do Papa em Sarajevo; segundo Francisco, essa geração de jovens é uma flor da primavera pós-guerra
Jéssica Marçal
Da Redação
As flores da primavera do período pós-guerra. Assim o Papa Francisco definiu os jovens de Sarajevo, com quem teve um encontro neste sábado, 6, o último compromisso antes de se despedir da Bósnia-Herzegovina e voltar para Roma. Francisco conversou espontaneamente com os jovens e deixou a eles a tarefa de trabalhar pela paz.
Como já é tradição nos encontros com os jovens, Francisco optou por deixar de lado o discurso pronto para poder responder mais livremente às perguntas que eles fizeram. A primeira delas foi sobre o fato dele não assistir à televisão há 25 anos.
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O Papa contou que a televisão estava deixando-o alienado, logo, decidiu parar. Ele reconheceu, porém, que o seu tempo era o “tempo da pedra” e que hoje os jovens vivem na era da imagem. De toda forma, o que se deve fazer hoje é a mesma coisa que se fazia na época do livro: escolher o livro que faz bem.
Essa nova realidade, observou o Papa, traz à tona a responsabilidade dos centros televisivos em fazer programas que façam bem e ajudem as pessoas, em vez de colocá-las para baixo. Além disso, cada um deve saber escolher o que lhe faz bem. “Se um programa aniquila os meus valores, preciso trocar o canal. (…) Ver televisão, usar o computador para as coisas bonitas, grandes, que façam bem para a nossa alma”.
Recado à juventude de Sarajevo
O segundo jovem perguntou ao Papa se ele conseguiu sentir o amor que os jovens da Bósnia têm por ele. Francisco respondeu que, nesses encontros, sempre sente o amor dos jovens por ele, pelos ideais, pela vida. Mas os jovens de Sarajevo têm uma peculiaridade: são a primeira geração pós-guerra.
“Vocês são flores de uma primavera, sigam adiante, não retornem ao passado dos inimigos. Encontro em vocês essa vontade, esse entusiasmo. Vejo que vocês não querem mais destruição, não querem fazer inimizades, mas querem estar juntos e isso é grandioso”.
O Santo Padre lembrou que todos falam de paz; alguns poderosos da terra falam coisas bonitas sobre a paz, mas “por baixo do tapete” vendem armas. Dos jovens de Sarajevo, o que o Papa espera é honestidade entre o que pensam, o que sentem e o que fazem. “O contrário se chama hipocrisia”, enfatizou.
Francisco se despediu dos jovens de Sarajevo no idioma deles: “Mir vama”, que significa “a paz esteja convosco”. De improviso, ele se dirigiu a uma sacada para deixar uma saudação também aos jovens que não conseguiram entrar no centro diocesano juvenil João Paulo II, onde o encontro foi realizado.
“Boa noite a todos vocês. ‘Mir vama’. Esta é a tarefa que eu vos deixo: façam a paz, todos juntos. A paz se faz entre todos, muçulmanos, cristãos, judeus, ortodoxos, católicos, outras religiões, somos todos irmãos. Nunca mais separação entre nós, e sim fraternidade e união”.