O Papa Francisco encontrou-se com padres, seminaristas e consagrados da Bolívia
André Cunha
Da Redação
A Bolívia tem 600 paróquias, 38 bispos, 619 padres diocesanos e 2.643 religiosos professos. Na tarde desta quinta-feira, 9, o Papa Francisco encontrou-se com muitos destes sacerdotes e consagrados e também com centenas de seminaristas bolivianos.
A cerimônia foi festiva, com muitas canções religiosas tradicionais do país. O Pontífice chegou à Escola Dom Bosco, saudando as cerca de quatro mil pessoas presentes.
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O primeiro momento do encontro foi marcado pelos testemunhos do padre Crispim Gomes; da irmã Gabriela Durá e do seminarista Dámian Ramos.
Depois, Francisco propôs uma reflexão sobre o trecho da Palavra de Deus que conta a história de Bartimeu. Cego e mendigo, aquele homem estava à beira do caminho, marginalizado; quando soube que Jesus passava, começou a gritar.
O grito de Bartimeu gerou três respostas, nas quais o Santo Padre se aprofundou durante o encontro: passar, “cala-te” e “coragem, levanta-te”.
No passar, disse o Papa, está o eco da indiferença, do passar ao lado dos problemas, procurando que estes não nos toquem. “Trata-se de um coração que se habituou a passar sem se deixar tocar; uma existência que, andando por aqui e por ali, não consegue radicar-se na vida do seu povo”, disse.
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A segunda resposta, é o “cala-te”, que segundo Sua Santidade, representa o drama da consciência isolada, daqueles que pensam que a vida de Jesus é apenas para aqueles que se consideram aptos. “A seus olhos parece lícito que encontrem espaço apenas os ‘autorizados’, uma ‘casta de pessoas diferentes’ que pouco a pouco se separa, diferenciando-se do seu povo. Fizeram da identidade uma questão de superioridade”, alertou o Sumo Pontífice.
E por último, a terceira resposta: “coragem, levanta-te”. Um eco que não nasce diretamente de Bartimeu, mas de Jesus que, ao vê-lo, não o repreende, mas lhe faz uma pergunta que lhe restitui a dignidade.
“Limita-se a fazer uma pergunta, a identificá-lo pretendendo ser parte da vida daquele homem, querendo assumir a sua própria sorte. Deste modo restitui-lhe gradualmente a dignidade que tinha perdido, faz a sua inclusão. Longe de olhá-lo de fora, esforça-se por se identificar com os problemas e, assim, manifestar a força transformadora da misericórdia”.
Nesse sentido, o Papa disse aos padres, consagrados e seminaristas: “Não somos testemunhas de uma ideologia, uma receita, uma forma de fazer teologia. Somos testemunhas do amor sanador e misericordioso de Jesus. Somos testemunhas da sua intervenção na vida das nossas comunidades”.
E acrescentou: “Não porque somos especiais, não porque somos melhores, nem porque somos funcionários de Deus, mas apenas porque somos testemunhas agradecidas da misericórdia que nos transforma”.
Por fim, o Santo Padre recomendou o testemunho da Beata Nazária Ignacia de Santa Teresa de Jesús, boliviana que dedicou a vida ao anúncio do Reino de Deus cuidando dos necessitados. Lembrou ainda a Venerável Virgínia Blanco Tardío, que entregou-se à evangelização e ao cuidado das pessoas pobres e doentes. “Elas e muitos outros servem-nos de estímulo no nosso caminho”, destacou o Papa Francisco.
O Pontífice encerrou seu discurso como de costume, pedindo orações aos fiéis: “rezem por mim porque eu preciso!”
Os últimos compromissos do Papa na Bolívia acontecerão nesta sexta-feira, 10, na visita ao Centro de Reeducação Santa Cruz (Centro Palmasola) e no encontro com os bispos.
Por volta das 13h45 (horário de Brasília), o Santo Padre deixa a Bolívia e segue para o Paraguai, onde fará a última etapa de sua visita à América do Sul.