A declaração fala numa “tragédia imensa” em curso no Médio Oriente e noutras partes do mundo
Da redação, com Agência Ecclesia
O Papa Francisco e o patriarca da Armênia, Karekin II, assinaram neste domingo, 26, uma declaração conjunta com alertas para as situações de perseguições religiosas e o fundamentalismo.
O texto, divulgado pela Santa Sé, fala numa “tragédia imensa” em curso no Médio Oriente e noutras partes do mundo.
“Inúmeras pessoas inocentes são mortas, deslocadas ou forçadas a um exílio doloroso e incerto devido a contínuos conflitos por motivos étnicos, econômicos, políticos e religiosos”, denunciam.
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A declaração foi assinada no Palácio Apostólico de Etchmiadzin, sede da Igreja Apostólica da Armênia, no último dia da visita do pontífice argentino ao país, iniciada esta sexta-feira, 24.
Francisco e Karekin II sublinham que minorias religiosas e étnicas são hoje “alvo de perseguição e tratamento cruel, a ponto de o sofrimento por uma crença religiosa se tornar uma realidade diária”.
“Pedimos aos fiéis das nossas Igrejas que abram os seus corações e mãos às vítimas da guerra e do terrorismo, aos refugiados e suas famílias”, diz o texto.
O documento distancia-se da “apresentação fundamentalista da religião e dos valores religiosos”, sublinhando que a justificação de crimes com base em concessões religiosas é “inaceitável”.
A declaração pede por isso uma “mudança de coração” de todos os que cometem crimes e dos que têm o poder de “acabar com a violência”.
O Papa e o patriarca da Armênia deixam votos de uma resolução pacífica das questões ligadas ao enclave do Nagorno-Karabakh, junto ao Afeganistão, e evocam a declaração assinada 27 de setembro de 2001 entre Karekin II e São João Paulo II para lembrar “o extermínio de um milhão e meio de cristãos armênios, naquele que geralmente é referido como o primeiro genocídio do século XX”, às mãos do Império Otomano.
Os dois responsáveis realçam a “progressiva e crescente proximidade” entre a Igreja Apostólica Armênia e a Igreja Católica, que partilham, por exemplo, “a mesma visão da família, fundada no matrimônio como ato de livre doação e de amor fiel entre um homem e uma mulher”.
“Temos o prazer de confirmar que, apesar das divisões que subsistem entre os cristãos, percebemos mais claramente que aquilo que nos une é muito mais do que aquilo que nos divide”, assinalam.
Após a assinatura da Declaração Conjunta, o Papa e o ‘catholicos’ Karekin II deslocaram-se para o Mosteiro Khor Virap, junto ao Monte Ararat, na fronteira com a Turquia, onde vão libertar duas pombas brancas com símbolo de paz.