VIAGEM A CÓRSEGA

Papa: ‘A piedade popular promove a evangelização e a comunidade’

Ao discursar na ‘Conferência sobre a Piedade Popular no Mediterrâneo’, Francisco destacou a importância destas expressões de fé como meio de promover a evangelização

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante a Conferência sobre a Piedade Popular no Mediterrâneo, ilha francesa da Córsega, em Ajácio / Foto: Vatican Media-Catholic Press

Longe de ser uma expressão folclórica obsoleta, a piedade popular pode ser um meio poderoso para a evangelização hoje, promovendo a comunidade e o pertencimento, disse o Papa Francisco em seu primeiro discurso durante sua Viagem Apostólica a Córsega.

Discursando no Palais des Congrès et d’Exposition de Ajácio, na conclusão do “Congresso sobre a Piedade Popular no Mediterrâneo”, o Sucessor de Pedro reiterou que o “poder evangelizador ativo” dessas expressões de fé não deve ser subestimado em nossas sociedades secularizadas, e apelou para um diálogo construtivo entre as culturas cristã e secular.

Diálogo entre culturas cristãs e seculares

No início de seu discurso, o Bispo de Roma recordou como o Mediterrâneo, o “berço de muitas civilizações altamente desenvolvidas”, historicamente serviu como uma encruzilhada para culturas, ideias e estruturas legais e institucionais que continuam a influenciar o mundo moderno, e é o lugar onde o diálogo entre Deus e a humanidade atingiu seu ápice na Encarnação de Jesus Cristo.

Francisco observou como, durante séculos, a fé cristã moldou a vida dos povos e suas instituições políticas, embora hoje as pessoas estejam se tornando “cada vez mais indiferentes” à presença de Deus e à Sua Palavra, “especialmente nos países europeus”.

Isso, no entanto, não deve levar a “considerações precipitadas e julgamentos ideológicos que, mesmo em nossos dias, colocariam a cultura cristã e a cultura secular uma contra a outra”. Em vez disso, o Papa observou: “É importante reconhecer uma abertura mútua entre esses dois horizontes”, também em consideração ao fato de que os não crentes ou aqueles que se distanciaram da prática religiosa “não são estranhos à busca pela verdade, justiça e solidariedade”.

“Mesmo que não pertençam a nenhuma religião, eles carregam em seus corações uma grande sede, uma busca de sentido, que os leva a refletir sobre o mistério da vida e a buscar valores fundamentais para o bem comum”, disse.

Necessidade de discernimento pastoral

No entanto, o Papa Francisco contraria os riscos de reduzir a piedade popular a meros rituais externos ou folclóricos desprovidos de envolvimento espiritual mais profundo, ou mesmo à superstição. Ele, portanto, pediu vigilância “por meio de cuidadoso discernimento teológico e pastoral”.

O impacto positivo da piedade popular na sociedade

O Papa Francisco então abordou o impacto positivo da piedade popular na sociedade como um todo, promovendo uma fé “autêntica” que “não é reduzida a um assunto privado”, mas comprometida em promover “o desenvolvimento humano, o progresso social e o cuidado com a criação”. A piedade popular, ele argumentou, fortalece o tecido comunitário da sociedade e nutre a “cidadania construtiva”, permitindo a colaboração com instituições seculares, civis e políticas “a serviço de cada pessoa, começando pelos pobres, para um crescimento humano integral e o cuidado com o meio ambiente”.

Promovendo uma “secularidade saudável”

Esta cooperação construtiva e respeitosa entre autoridades civis e eclesiais “para o benefício de toda a comunidade”, ele disse, é um exemplo do que o falecido Papa Bento XVI chamou de “secularidade saudável” que previne a politização da religião enquanto garante que a política seja informada por valores éticos e espirituais.

Compromisso renovado com o Evangelho e o bem comum

Ao encerrar seu discurso, o Papa Francisco encorajou a comunidade católica na Córsega a continuar cultivando suas tradições religiosas profundamente enraizadas e o diálogo existente entre a Igreja e as instituições civis e políticas.

Ele também encorajou os jovens corsos “a se envolverem ainda mais ativamente na vida social, cultural e política, inspirados por ideais sólidos e uma paixão pelo bem comum” e apelou aos pastores e líderes políticos da Igreja para permanecerem “próximos ao povo”, atentos às suas necessidades e aspirações.

Finalmente, o Papa Francisco expressou esperança de que o Congresso sobre Piedade Popular possa inspirar um compromisso renovado com o Evangelho e o bem comum, enraizado na fé e no serviço.

“Espero que este Congresso sobre a piedade popular os ajude a redescobrir as raízes da vossa fé e a dar frutos num renovado compromisso, na Igreja e na sociedade civil, ao serviço do Evangelho e do bem comum de todos os cidadãos.”

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