“Existem duas saídas de nós mesmos: uma em direção às chagas de Jesus, a outra em direção às chagas dos nossos irmãos e irmãs“
Da Redação, com Rádio Vaticano
A verdadeira oração faz-nos sair de nós mesmos e nos abre ao Pai e aos irmãos mais necessitados. Foi o que disse o Papa Francisco na manhã deste sábado, 11, durante a Missa presidida na Casa Santa Marta, no Vaticano. Encontravam-se presentes alguns agentes da segurança vaticana e um grupo de jornalistas argentinos com as suas famílias.
A homilia do Santo Padre concentrou-se no Evangelho do dia, no qual Jesus diz: “Se pedirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, Ele vos dará” (Jo 16,23b). “Há algo de novo, aí – explicou – há algo que muda: é uma novidade na oração. O Pai nos dará tudo, mas sempre no nome de Jesus.”
O Senhor sobe ao Pai, entra “no Santuário do céu”, abre as portas e as deixa abertas porque “Ele mesmo é a porta” e “intercede por nós”, “até o fim do mundo”, como um sacerdote:
“Ele intercede por nós diante do Pai. Isso sempre me agradou. Jesus, na sua ressurreição, teve um corpo belíssimo: as chagas da flagelação, dos espinhos, desapareceram, todas. Desapareceram as marcas dos açoites. Mas Ele quis manter sempre essas chagas, e as chagas são precisamente a sua oração de intercessão ao Pai: ‘Mas… olhe… peça isso em meu nome, olhe!’ Essa é a novidade que Jesus nos diz. Diz-nos esta novidade: confiar em sua paixão, confiar em sua vitória sobre a morte, confiar em suas chagas. Ele é o sacerdote e este é o sacrifício: as suas chagas. E isso nos dá confiança, hein! Nos dá a coragem de rezar.”
Muitas vezes nos entediamos na oração, observou o Pontífice, que acrescentou: a oração não é pedir isso ou aquilo, mas é “a intercessão de Jesus, que diante do Pai lhe mostra as suas chagas”:
“A oração ao Pai em nome de Jesus faz-nos sair de nós mesmos; a oração que nos entedia está sempre dentro de nós mesmos, como um pensamento que vai e vem. Mas a verdadeira oração é sair de nós mesmos rumo ao Pai em nome de Jesus, é um êxodo de nós mesmos.”
Mas como “podemos reconhecer as chagas de Jesus no céu?” – perguntou-se o Santo Padre – “Onde está a escola onde se aprende a conhecer as chagas de Jesus, essas chagas sacerdotais, de intercessão? Há outro êxodo de nós mesmos em direção às chagas dos nossos irmãos e das nossas irmãs necessitados”:
“Se não conseguirmos sair de nós mesmos rumo ao irmão necessitado, rumo ao doente, ao ignorante, ao pobre, ao explorado, se não conseguirmos sair de nós mesmos rumo àquelas chagas, jamais aprenderemos a liberdade que nos leva à outra saída de nós mesmos, rumo às chagas de Jesus. Existem duas saídas de nós mesmos: uma em direção às chagas de Jesus, a outra em direção às chagas dos nossos irmãos e irmãs. E esse é o caminho que Jesus quer em nossa oração.”
“Este é o novo modo de rezar: com a confiança, a coragem que nos dá saber que Jesus está diante do Pai mostrando-lhe as suas chagas, mas também com a humildade daqueles que vão conhecer, encontrar as chagas de Jesus em seus irmãos necessitados” que “ainda carregam a Cruz e ainda não venceram, como Jesus venceu”, concluiu o Papa Francisco.