Em discurso realizado durante a inauguração, o Papa pediu que o local lembre a todos o valor da harmonia e da paz entre povos e nações
Da redação, com Boletim da Santa Sé
Na tarde desta sexta-feira, 18, o Papa Francisco inaugurou e visitou a primeira seção do novo Museu Etnológico do Museu do Vaticano. Local reúne os testemunhos artísticos e culturais de povos do mundo todo, coletados pelo Papa Pio XI em 1925, com coleções que remontam a épocas anteriores. Nome do Museu é “Anima Mundi”.
Para mostrar proximidade e participação no importante trabalho do Sínodo, o evento coincidiu com a apresentação de uma exposição dedicada à Amazônia, “Mater Amazônia – A respiração profunda do mundo”. Após uma breve saudação do Cardeal Giuseppe Bertello, Presidente da Província do Estado da Cidade do Vaticano, o Santo Padre discursou sobre a importância do museu:
“O que estamos inaugurando hoje não é simplesmente um museu, em sua concepção tradicional. Na verdade, achei o nome escolhido para esta coleção apropriado e sugestivo: “Anima mundi”, a alma do mundo. Penso que os Museus do Vaticano são cada vez mais chamados a se tornar um “lar” vivo, habitado e aberto a todos, com as portas abertas aos povos do mundo inteiro. Museus do Vaticano abertos a todos, sem fechamento. Um lugar onde todos possam se sentir representados e perceber concretamente que o olhar da Igreja não conhece execuções hipotecárias”.
Para o Pontífice, quem visitar o museu deve sentir que ali também há lugar para ele, para seu povo, sua tradição, sua cultura. “O europeu, como o índio, o chinês, como o nativo da floresta amazônica ou congolesa, do ‘Alaska ou dos desertos australianos ou das ilhas do Pacífico. Todos os povos estão aqui, na sombra da cúpula de São Pedro, perto do coração da Igreja e do Papa, e isso porque a arte não é uma coisa desenraizada: a arte nasce do coração dos povos. É uma mensagem: dos corações dos povos aos corações dos povos”.
No museu, os povos também devem sentir que “sua” arte tem o mesmo valor e é cuidada e preservada com a mesma paixão que é reservada às obras de arte renascentistas ou às imortais esculturas gregas e romanas, que atraem milhões de pessoas todos os anos, destacou o Pontífice. “Aqui você encontrará um espaço especial: o espaço do diálogo, da abertura para o outro, do encontro”, completou.
Francisco agradeceu curadores, arquitetos, engenheiros e trabalhadores que auxiliaram na inauguração do museu. Segundo Papa, todos são sinal de transparência. “A transparência é um valor importante, especialmente em uma instituição eclesial. Nós sempre precisamos disso! Ao longo dos anos, milhares de obras de todo o mundo serão exibidas nessas mostras, e esse tipo de instalação pretende colocá-las quase em diálogo umas com as outras. E como as obras de arte são a expressão do espírito dos povos, a mensagem que se recebe é que é preciso sempre olhar para cada cultura com uma mente aberta e com benevolência”, afirmou.
“A beleza nos une. Ela nos convida a viver a irmandade humana, contrariando a cultura do ressentimento, do racismo, do nacionalismo, que está sempre à espreita. São culturas seletivas, culturas de números fechados”, sublinho o Santo Padre.
O Pontífice agradeceu o curador do Museu “Anima Mundi”, padre Nicola Mapelli, por apoiar a inauguração da exposição especial dedicada à Amazônia. “Agradeço também aos Missionários da Consolata, aos Salesianos, aos Capuchinhos, aos Saverianos: diferentes carismas que se encontraram em nome da Amazônia”, completou. Por fim, Francisco contou que espera que o Museu Etnológico preserve sua identidade específica ao longo do tempo e lembre a todos o valor da harmonia e da paz entre povos e nações. “Que a arte aqui reunida faça a voz de Deus ressoar naqueles que visitam esta coleção”.