Papa Francisco quer uma Igreja próxima dos fiéis. Seus gestos surpreendem e demonstram esse desejo de proximidade
Kelen Galvan
Da redação
Desde sua eleição como Pontífice, no dia 13 de março de 2013, o Papa Francisco tem nos chamado à atenção por seu desejo de proximidade com os fiéis e sua espontaneidade.
O “jeito Francisco de ser Papa” tem provocado admiração. Exemplo disso são as inúmeras visitas inusitadas que o Pontífice fez nesse primeiro ano de pontificado ou mesmo as cartas e os telefonemas que surpreenderam os fiéis.
Já no dia seguinte à sua eleição, o Papa Francisco fez uma visita surpresa à Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, para rezar diante do ícone de Nossa Senhora, intitulado Salus Populi Romani (salvação do povo romano). Em seguida, foi ao hotel onde ficou hospedado, durante o Conclave, para pegar suas coisas e pagar a conta.
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A basílica foi um dos lugares mais visitados pelo Papa Francisco neste primeiro ano de pontificado, e a maioria delas não estavam programadas. Antes de sua viagem ao Brasil, por exemplo, o Santo Padre fez questão de ir rezar diante do Ícone Salus Populi, e, ao regressar de sua viagem, voltou à igreja para agradecer. Nesta ocasião, colocou aos pés de Nossa Senhora uma camisa e uma bola com as cores do Brasil.
No segundo dia como Papa, Francisco surpreendeu a equipe médica e os enfermos da Clínica Pio XI, em Roma, ao aparecer para visitar o cardeal argentino Jorge María Mejía, de 90 anos, que estava internado por ter sofrido um infarto dias antes.
Papa fez uma visita surpresa a uma área industrial de Roma (Foto: L’Osservatore Romano)
As visitas-surpresa continuaram acontecendo durante todo o ano. Em agosto, Francisco apareceu repentinamente em uma área industrial no Vaticano e fez questão de cumprimentar os funcionários, de modo especial, os da carpintaria, central técnica, ferreiros e do laboratório hidráulico.
Outro gesto inusitado do Santo Padre, que repercutiu, foi o pedido feito à Cáritas de Roma para distribuir, entre as pessoas mais pobres, os bilhetes de ingresso para a Missa da Quinta-Feira Santa, no Vaticano.
“Alô, é o Papa Francisco”
As ligações telefônicas e as cartas enviadas pelo Pontífice também encantaram os fiéis. As primeiras ligações do Papa Francisco já denotaram a sua originalidade. Algumas renderam histórias engraçadas, como o telefonema ao superior dos jesuítas. Ocasião, na qual, o recepcionista quase identificou-se como Napoleão, por achar que a ligação era um trote.
Luis Del Regno, dono da banca de jornal, em Buenos Aires (Foto: La Nacion)
Outras ligações mostraram a simplicidade de Francisco, como seu telefonema ao jornaleiro que sempre lhe entregava os jornais na Argentina. O Pontífice ligou para agradecer pelo tempo em que ele prestou esse serviço e mandou um abraço para toda sua família.
Francisco também fez ligações comoventes, como o telefonema para uma mãe que perdeu seu filho em um incêndio, ou para o garoto de sete anos que escreveu ao Papa contando que sentia falta da presença dos pais. Outra ligação ainda foi a uma jovem que desistiu de abortar, mesmo sendo abandonada pelo namorado por esta decisão.
Muitos telefonemas foram feitos, e muitas cartas também enviadas. Entre as correspondências enviadas pelo Santo Padre, estão a carta às pessoas sem teto que vivem em Roma, às mães da Praça de Maio, e até mesmo uma bênção especial ao Clube de futebol San Lorenzo.
Cada Papa deixa sua marca
Padre Hamilton Nascimento, doutor em Teologia (Foto: Arquivo Pessoal)
“Francisco é um Papa de frases de efeito, de gestos muito significativos e que quer uma Igreja próxima das pessoas”, afirma o doutor em Teologia, padre Hamilton Nascimento, um dos enviados especiais do Jornalismo Canção Nova para a cobertura do último Conclave.
Padre Hamilton enfatiza que o jeito do Papa Francisco conquistou o coração das pessoas em muito pouco tempo e explica que cada Papa, que já governou a Igreja, imprimiu o seu modo de ser e de pensar, de acordo com o tempo em que estavam vivendo.
“Recordamos que, entre os muitos gestos marcantes de João Paulo II, tinha aquele de, a cada país que chegava, a primeira coisa que ele fazia era beijar o chão daquela terra. E ele fez cerca de 250 viagens apostólicas. Bento XVI era um homem absolutamente letrado, é considerado como um ‘doutor’ da Igreja, realmente um homem santo e de uma sabedoria singular”, destaca padre Hamilton.
Papa Francisco irá completar um ano de pontificado, no dia 19 de março. Neste pouco tempo, alcançou o respeito e a admiração de pessoas em todo o mundo, “não só dos católicos, mas de pessoas fora do contexto da Igreja”, ressalta o doutor em Teologia.
