Dom Murilo Krieger analisa as primeiras palavras do Papa Francisco no Brasil, durante sua visita para a Jornada Mundial da Juventude
André Cunha Da Redação
“Quis Deus na sua amorosa providência que a primeira viagem internacional do meu Pontificado me consentisse voltar à amada América Latina, precisamente ao Brasil…”. Foi desta forma que o Papa Francisco iniciou seu primeiro discurso em solo brasileiro, durante a cerimônia de boas-vindas, no Jardim de Inverno do Palácio Guanabara, em 22 de julho de 2013.
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Após desembarcar na base aérea do Galeão, na Ilha do Governador, o Santo Padre foi recebido pela presidente do Brasil, Dilma Rousseff; o Arcebispo do Rio de Janeiro (cidade sede da Jornada Mundial da Juventude, em 2013), Cardeal Orani João Tempesta, além de outras autoridades civis e religiosas.
Já nas primeiras linhas de seu discurso, o Santo Padre deixou claro com que missão veio ao Brasil: “Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo! Venho em Seu Nome para alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação: ‘A paz de Cristo esteja com vocês!’”.
Segundo o Arcebispo de Salvador (BA) e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, estas primeiras palavras do Papa sintetizam toda sua viagem ao país. Uma visita que, para ele, não veio resolver problemas, mas apresentar o “Caminho” a ser seguido.
“Não veio trazer soluções prontas para os nossos problemas e desafios, veio nos indicar um caminho, ou melhor, o Caminho, Jesus Cristo. E foi justamente, porque não tinha ouro nem prata, que sua viagem ao Rio de Janeiro se tornou tão marcante e deixou tantas e tão belas recordações”, afirmou o primaz.
As primeiras palavras aos jovens
Foram mais de 3,5 milhões de peregrinos alcançados pelo olhar e também pela mensagem de Francisco nos dias da 28º Jornada Mundial da Juventude. Mais de 175 países foram representados por seus jovens.
Ao falar a eles, no Palácio Guanabara, Francisco surpreendeu novamente, afirmando que “a juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo”. E se tratando de uma janela, conforme disse, os desafios são significativos. Mas considerou: “a nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço”.
“Já que os jovens são janelas para o futuro, a presença deles na Igreja e na sociedade é muito importante. Mas nós não podemos nos esquecer, especialmente nós adultos, que os jovens são jovens, isto é, estão numa fase transitória, eles precisam da nossa ajuda, eles têm direito de esperar de nós adultos muito mais que uma admiração. Eles precisam de nossa mão estendida, de nosso olhar, de nosso coração aberto, sempre pronto a acolhê-los”, comentou Dom Murilo acerca destas palavras do Papa.
Segundo o bispo, o Papa Francisco foi exemplo à Igreja, durante a JMJ Rio2013, para esta relação com a juventude. “Ele estendeu as mãos aos jovens, olhou-os com um olhar de carinho, deixou claro que no seu coração havia lugar para cada um deles, não importando o país ou a situação social”.
“Ele fez a parte dele! Agora, eu diria, falta a nossa parte”, opinou o bispo. Dom Murilo considera que os mais vividos devem acolher os jovens, pois eles são necessários, dão um rosto novo, vivo e alegre à Igreja. “Acolhê-los é garantir um futuro em suas vidas e na vida da sociedade”, afirmou.
A proposta do Papa
De acordo com Dom Murilo, a visita do Papa Francisco ao Brasil teve como principal objetivo apresentar aos católicos a proposta de Cristo. A impressão é que o Papa iniciou essa missão já em seu primeiro discurso.
“Vim para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo, atraídos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Eles querem agasalhar-se no Seu abraço para, junto de Seu coração, ouvir de novo o Seu potente e claro chamado: ‘Ide e fazei discípulos entre todas as nações’”, disse o Papa no Palácio Guanabara.
Para Dom Murilo, as propostas de Cristo são “sérias e exigentes”, por se tratar de propostas que têm vida, não promessas feitas para conquistar as pessoas e, em seguida, deixá-las sozinhas. E é, segundo ele, esta a proposta de Francisco aos jovens e a todos os fiéis católicos.
“Ao longo de todos aqueles dias que passou no Rio, ele apresentou propostas sérias e exigentes. Ele veio dizer que ou a nossa vida se baseia em valores duradouros, pelos quais então a vida merece ser vivida, ou ela se esvazia em pouco tempo. É preciso construir a vida sobre os alicerces fortes do amor de Cristo, da justiça que Ele veio nos ensinar, da solidariedade”, conclui o bispo.
Após a cerimônia de boas-vindas no Palácio Guanabara, o Papa Francisco seguiu pelas ruas do centro do Rio, a bordo do papamóvel, em um trajeto que partiu da Catedral Metropolitana, na Avenida República do Chile, até o Theatro Municipal, na Avenida Rio Branco. Uma multidão de fiéis acompanhou o percurso do Papa Francisco.