Missionários da Canção Nova que participaram da cobertura contam os desafios e as surpresas dos bastidores do Conclave e eleição de Francisco
Kelen Galvan
Da Redação
A renúncia de Bento XVI e, por consequência, a convocação de um Conclave motivaram uma das maiores coberturas midiáticas. Mesmo pegos de surpresa, os profissionais da comunicação precisaram correr contra o tempo para montar uma estrutura em Roma e acompanhar os desdobramentos das notícias sobre a sucessão papal.
Com o Sistema Canção Nova de Comunicação não foi diferente. O responsável da emissora pela cobertura foi Gilberto Leandro Maia, atual Diretor Artístico da TV Canção Nova. Ele conta que, no mesmo dia da renúncia, foi organizada toda a estrutura para acompanhar e divulgar as informações.
“A grade de programação da TV praticamente caiu. O jornalismo todo, nossa equipe de Roma e a equipe operacional envolveram-se para montar programas com informações sobre o Papa e flashes durante todo o dia. No total, umas 120 pessoas trabalharam nessa estrutura”, recorda.
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O jornalista padre Roger Araújo, principal apresentador da cobertura, relembra os primeiros momentos da transmissão.
“Após recebermos a confirmação oficial da renúncia, interrompemos o Acampamento de Carnaval para dar a notícia aos nossos telespectadores. Foi uma responsabilidade muito grande para nós acompanharmos todo o desenrolar dos fatos. Fomos atrás de cardeais, de informações de Roma, dos bispos… Mesmo sem termos todas as condições técnicas, conseguimos transmitir as notícias com fidelidade e serenidade. Sem criar alarde. A Igreja não estava vivendo uma crise, simplesmente era uma sucessão papal que estava acontecendo”, afirma o jornalista.
Gilberto explica que, em Roma, 20 pessoas trabalharam na cobertura, dez enviadas do Brasil e as outras da própria equipe que está na Itália. “Montamos três equipes para a externa, duas equipes de edição, equipe de produção, equipe de web e dois fotógrafos”.
A quantidade de pessoas se destacou entre as emissoras que cobriam o evento. “As outras emissoras do Brasil, e até de outros países, enviaram um ou dois correspondentes, então quando eles viam a nossa equipe se assustavam: ‘o que vocês estão fazendo aqui com tanta gente?’, mas é claro que o nosso propósito [de realizar essa cobertura] era outro. Nós somos um canal católico e queríamos trazer tudo na íntegra”.
De acordo com Gilberto, a equipe da Canção Nova foi ponto de referência em questões que envolviam a Igreja. “Outros profissionais nos procuravam para tirar dúvidas, entender melhor questões referentes ao Conclave e outros aspectos”.
Repercussão da eleição de Francisco
O jornalista Ronaldo da Silva, um dos enviados a Roma, esteve em contato com vários profissionais. Naqueles dias, cerca de seis mil jornalistas de todo o mundo estiveram no Vaticano para a cobertura da sucessão papal.
Ronaldo comenta que a eleição do Papa Francisco repercutiu positivamente até mesmo nos bastidores das reportagens. Segundo ele, era visível que, antes da escolha do novo Papa, as matérias traziam “especulações, desconfianças, críticas, reportagens tentando imprimir um ponto frágil ou negativo da Igreja”; após a eleição, houve uma guinada. “Estupor, admiração, elogios, mostrando a beleza e a grandeza [da Igreja]”.
O jornalista recorda que essa mudança se tornou visível também entre os jornalistas, e conta uma das muitas experiências que ouviu: “uma menina que se dizia ateia, pediu que eu rezasse por ela; inclusive, comprou um terço para ela mesma trazer para os seus pais e ali começar a rezar”, relembra.
“São coisas que acontecem e que nos levam a perceber os efeitos da ação do Espírito Santo, que foi a eleição do Papa Francisco, nos mínimos detalhes, na vida das pessoas, nos acontecimentos individuais”, afirma Ronaldo.