Faz muito bem ao povo este estilo do Papa, diz bispo

Dom José Antônio Peruzzo destaca que não pode haver evangelização sem afeto, e Francisco tem um carisma muito grande com o povo

Jéssica Marçal
Da Redação

Faz muito bem ao povo este estilo do Papa, diz bispo

Desde sua primeira catequese, Francisco se mostra muito próximo dos fiéis, em especial das crianças / Foto: Arquivo-Canção Nova Roma

Sorrisos, abraços, uma proximidade verdadeiramente paterna, o encontro do pastor com o seu povo. Assim têm sido as audiências gerais do Papa Francisco na Praça de São Pedro, no Vaticano. Já tradicionais em todos os pontificados, as chamadas catequeses receberam a marca definitiva do papado de Francisco: falas simples, porém sempre profundas e próximas.

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Em seu primeiro encontro com os fiéis, no dia 27 de março de 2013, o Santo Padre se destacou por seu carisma e acolhida a todos que foram participar da catequese. Por diversas vezes, ele parou para beijar crianças e fez questão de dar atenção a um jovem portador de deficiência.

Ao iniciar sua reflexão, sobre a Semana Santa, uma fala simples, sem muitas citações a documentos, mas que aqueceu o coração dos fiéis. “Tenho o sentimento de um pai que fala com seu filho, que fala com ternura”, testemunhou o sacerdote palestino Madgi Rashul em entrevista à repórter Mirticelli Medeiros após a primeira catequese de Francisco (veja o vídeo).

De fato, não existe evangelização sem afeto. É o que pensa o bispo de Palmas/Francisco Beltrão (PR), Dom José Antônio Peruzzo, membro da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB. Ele acredita que toda experiência profunda de fé também se torna uma linguagem espontânea, que faz lembrar o modo afetuoso com que Jesus falava ao povo. E Francisco é muito carismático nesse sentido, diz o bispo.

Faz muito bem ao povo este estilo do Papa, diz bispo

Dom José Antônio Peruzzo / Foto: Cúria Diocesana – Palmas-Francisco Beltrão (PR)

“O modo paterno do Papa se dirigir às pessoas, de olhar, de sorrir, essa proximidade natural entre a sua expressão pessoal e a mensagem que ele proclama faz os ouvintes perceberem que anunciar ou falar de Deus ou anunciar Jesus Cristo não é um sistema de pensamentos ou de argumentação, mas de afeição que se torna linguagem de uma fraternidade vivida, praticada e experienciada”, comenta.

Dom Peruzzo explica que para falar do Mistério é preciso comunicar, olhar e se expressar de acordo com o que a ternura humana requer. Nesse sentido, o estilo do Papa Francisco falar aos fiéis tem ajudado a entender que na formação dos católicos não é preciso ir muito longe, mas aceitar a linguagem terna de Deus mediante o estilo simples e humano do Pontífice. Isso cria, segundo ele, um senso de pertença à Igreja.

“Cada um, cada católico sente-se acariciado pelo seu grande pastor. Faz muito bem ao povo este estilo, esta linguagem, este modo de expressar a proximidade de Deus”.

Sobre as catequeses

As tradicionais catequeses do Papa com os fiéis acontecem, todas às quartas-feiras, no Vaticano. Segundo Dom Peruzzo, trata-se de um momento muito rico para que o povo perceba que a missão do Papa não é burocrática, mas sim pastoral, “olhos nos olhos”, mesmo que o Pontífice se dirija sempre a multidões.

Para o bispo, a não-existência dessas audiências gerais tornaria a figura do Papa muito mais metafísica do que paterna. “Estes encontros ilustram, de alguma maneira, a grande família dos seguidores de Jesus Cristo que aceitam o pastoreio daquele que o Senhor escolheu para esta missão”.

E se a catequese é importante para os fiéis, é tão importante quanto para o próprio Papa. Dom Peruzzo diz que esses encontros fazem bem ao Pontífice não só por revelar a afeição do povo por ele, mas também por lembrá-lo da natureza de sua missão.

“Ele (Francisco) gosta de dizer que todo pastor precisa levar em si o cheiro das ovelhas, é a linguagem metafórica que ele gosta de repetir. Pois bem, para qualquer Papa, para qualquer pastor, para qualquer sacerdote ou bispo, a proximidade com a comunidade é a linguagem por excelência de uma fidelidade vivida em termos operativos. Vamos dizer que faz muito bem ao Pontífice que os fiéis estejam lá para lhe falar, para com ele orar, para com ele partilhar a fé”.

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