Na homilia desta quinta-feira, 9, Francisco afirmou que não é possível semear a guerra e ser cristão; Pontífice alertou: falar mal dos outros é semear a guerra
Da redação, com Vatican News
“Que o Senhor nos dê o Espírito Santo para permanecer Nele e nos ensine a amar, simplesmente, sem fazer guerra aos outros”. Esta foi a oração do Papa Francisco na missa celebrada nesta quinta-feira, 9, na capela da Casa Santa Marta. Durante sua homilia, o Pontífice destacou que não é possível ser cristão e semear a guerra.
Recordando a oração no início da Liturgia, com a invocação a Deus para conceder a “todas as pessoas” uma “paz segura”, Francisco se concentrou nos temas da atualidade. “Quando falamos de paz, imediatamente pensamos nas guerras, que não existam guerras no mundo, que exista a paz segura, é a imagem que nos vem sempre, paz e não guerras, mas sempre fora: naquele país, naquela situação”.
O Santo Padre complementou: “Também nestes dias em que houve tantos focos de guerra acesos, a mente dirige-se imediatamente para lá quando falamos de paz, [quando rezamos] para que o Senhor nos dê a paz. E isso está certo; e devemos rezar pela paz mundial, devemos sempre ter diante de nós este dom de Deus que é paz e pedi-lo para todos”.
O Papa exortou os fiéis a se perguntarem: Como vai a paz em minha casa? Meu coração estão “em paz” ou “ansioso”, sempre “em guerra, em tensão de ter algo mais, para dominar, para ser ouvido”?. A paz das pessoas ou de um país é semeada no coração, explicou Francisco. “Se não temos paz no coração, como pensamos que haverá paz no mundo?”, questionou. O Pontífice advertiu que habitualmente homens e mulheres não pensam nisso.
A primeira leitura desta quinta-feira, 9, de São João Apóstolo, indica o caminho para alcançar a paz interior e permanecer no Senhor, sublinhou o Santo Padre. “Onde está o Senhor existe a paz. É ele quem faz a paz, é o Espírito Santo que Ele envia que faz a paz dentro de nós”.
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“Se nós permanecermos no Senhor, nosso coração estará em paz; e se habitualmente permanecermos no Senhor, quando cairmos em um pecado ou defeito, será o Espírito que nos fará conhecer esse erro, esse escorregão. Permanecer no Senhor. E como permanecemos no Senhor? O apóstolo diz: ‘Se nos amarmos uns aos outros’. É esta a questão, este é o segredo da paz”.
Francisco falou sobre o amor verdadeiro, que não é aquele das novelas, nem um espetáculo, mas que leva homens e mulheres a falarem bem dos outros. O Papa aconselhou: “Se eu não posso falar bem, fecho a boca, não falo mal e não conto coisas ruins. Porque falar mal dos outros é guerra”. O amor, sublinhou o Pontífice, se mostra nas pequenas coisas.
“Se existe a guerra no meu coração, haverá guerra na minha família, haverá guerra no meu bairro e haverá guerra no local de trabalho. Os ciúmes, as invejas, as fofocas nos levam a fazer guerra um com o outro, destroem, são como sujeiras”, destacou. O Santo Padre convidou os fiéis a refletirem: Quantas vezes o “espírito de paz” ou ” espírito de guerra” dominam minhas falas e discursos?. “Cada um tem os seus pecados, eu olho para os meus e os outros terão os deles, para assim fechar a boca”, completou.
O modo de agir em família, no bairro, no local de trabalho, é uma maneira de agir em uma guerra, apontou o Papa. ” Destruir o outro, sujar o outro, isso não é amor, esta não é a paz segura que pedimos. Quando fazemos isso, não existe Espírito Santo. E isso acontece com cada um de nós, cada um. Imediatamente vem a reação de condenar o outro. Seja um leigo, uma leiga, um sacerdote, uma religiosa, um bispo, um Papa, todos, todos. É a tentação do diabo para fazer a guerra”.
Quando o diabo consegue que homens e mulheres façam guerra, fica feliz, pois não precisa mais trabalhar, alertou o Pontífice. “Somos nós que trabalhamos para destruirmo-nos um ao outro, (…) somos nós que levamos avante a guerra, a destruição, destruindo antes a nós mesmos, porque expulsamos o amor e depois os outros”. Francisco observou como, de fato, a humanidade é dependente desse hábito de sujar os outros. “É uma semente que o diabo colocou dentro de nós”.