Em audiência com participantes de congresso sobre o futuro da Teologia, Francisco descreveu como essa área do conhecimento pode contribuir com a humanidade
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu, em audiência, os participantes do Congresso Internacional sobre o Futuro da Teologia. O evento é promovido pelo Dicastério para a Cultura e a Educação e acontece entre esta segunda-feira, 9, e a terça-feira, 10.
No início de seu discurso, o Pontífice destacou a grande quantidade de professores, pesquisadores e decanos, vindos de todo o mundo. “Espero que o Congresso marque o primeiro passo de um fecundo caminho comum”, exprimiu o Santo Padre.
Voltando-se para a Teologia, Francisco remeteu à imagem da luz, que ilumina o que está na escuridão e revela as formas e cores do mundo. Contudo, prosseguiu, a luz não se revela – “vemos os nossos rostos, mas não vemos a luz, porque ela é discreta, é meiga, humilde e por isso permanece invisível”, afirmou.
Da mesma forma, a Teologia “realiza um trabalho oculto e humilde, para que surja a luz de Cristo e do seu Evangelho”, pontuou o Papa. “Buscar a graça e permanecer na graça da amizade com Cristo, verdadeira luz que veio a este mundo” é o caminho, acrescentou, dizendo ainda que “toda Teologia nasce da amizade com Cristo e do amor pelos seus irmãos e pelo seu mundo”.
“Repensar o pensamento”
O Pontífice sinalizou que, durante o congresso, os participantes debaterão sobre o “onde”, o “como” e o “porquê” da Teologia. Tais questões, comentou, levam à reflexão sobre o legado teológico do passado e se ele pode ainda dizer algo aos desafios de hoje, ajudando a imaginar o futuro.
“O desejo é este: que a Teologia ajude a repensar o pensamento”, manifestou o Santo Padre. Ele enfatizou como a forma de pensar do homem molda os sentimentos, a vontade e as decisões: “um coração ‘largo’ corresponde a uma imaginação e a um pensamento ‘largos’, enquanto um pensamento encolhido, fechado e medíocre dificilmente poderá gerar criatividade e coragem”.
Francisco apontou que o primeiro passo para “repensar o pensamento” é curar-se da simplificação. Frente à complexidade da realidade, a tendência do ser humano é simplificar. Contudo, “a simplificação quer mutilar a realidade, fazer nascer pensamentos estéreis, pensamentos unívocos, gerar polarizações e fragmentações”, alertou o Papa.
Ele chamou a atenção para as ideologias, definindo-as como “simplificações que matam” a realidade, o pensamento e a comunidade. “As ideologias reduzem tudo a uma única ideia, que depois repetem de forma obsessiva e instrumental, superficial”, descreveu.
Teologia para todos
Recordando a Constituição apostólica Veritatis gaudium, o Pontífice citou que o antídoto para a simplificação são a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, “fermentando” o pensamento teológico junto a outras áreas do conhecimento. “Ao contribuir para repensar o pensamento, a teologia voltará a brilhar como merece, na Igreja e nas culturas, ajudando todos e cada um na busca da verdade”, sinalizou.
Diante disso, o Santo Padre lançou um desafio: tornar a Teologia mais acessível a todos. Ele citou de forma especial as pessoas de meia-idade que, frente às crises que surgem, podem encontrar na Teologia uma “companheira de viagem”. Concluindo seu discurso, Francisco pediu que estes indivíduos possam encontrar um lar aberto nas universidades para que possam retomar seu caminho.