Na oração de abertura, a experiência de um menor abusado foi relatada; a transparência é o tema da reunião deste sábado, 23
Da redação, com Vatican News
A transparência é o tema central do terceiro dia do Encontro no Vaticano sobre “A proteção dos menores na Igreja”, que acontece de 21 a 24 de fevereiro. Os temas dos dois primeiros dias foram: responsabilidade e prestação de contas.
Durante a oração inicial deste sábado, 23, foi lida a experiência de um abusado: “Estou cansado e exausto, é como se se escondessem atrás de seus muros, a sua dignidade, os seus cargos que eu não entendo. Dói-me porque fui abusado, porque não dizem a verdade, e porque aqueles que deveriam ser ministros da verdade e da luz estão escondidos nas trevas”.
Também na manhã deste sábado os trabalhos tiveram início na Sala Nova do Sínodo, na presença do Papa, com a oração de abertura. Depois do hino Veni, Creator Spiritus, foi lida uma passagem da Carta de São Paulo aos Efésios (5: 1-11) que exorta a caminhar na caridade:
A imoralidade sexual e qualquer espécie de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionadas entre vós, como convém a santos. Nada de palavrões ou conversas tolas, nem de piadas de mau gosto: são coisas inconvenientes; entregai-vos, antes, à ação de graças. Pois, ficai bem certos: nenhum libertino ou impuro ou ganancioso ― que é um idólatra ― tem herança no reino de Cristo e de Deus. Que ninguém vos iluda com palavras fúteis: é isso que atrai a ira de Deus sobre os rebeldes. Não sejais cúmplices destes. Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Procedei como filhos da luz. E o fruto da luz é toda espécie de bondade e de justiça e de verdade. Discerni o que agrada ao Senhor e não tomeis parte nas obras estéreis das trevas, mas, pelo contrário, denunciai-as.
Um abusado: ministros da luz escondidos nas trevas
Como ocorreu nos dias anteriores, em seguida teve a leitura da experiência de um abusado: “Eu me sinto como um mendigo nos portões do castelo. Um mendigo da verdade, da justiça, da luz e tudo o que eu obtenho é o silêncio e pouquíssima informação, que eu tenho que extrapolar. Estou cansado e exausto, é como se se escondessem atrás de seus muros, a sua dignidade, os seus cargos que eu não entendo. Dói-me porque fui abusado, porque não dizem a verdade e porque aqueles que deveriam ser ministros da verdade e da luz estão escondidos nas trevas”.
Um longo silêncio precedeu a oração final:
“Deus Santo, vós nos chamastes à santidade e nos enviastes aos homens como testemunhas de vossa verdade. Vós nos Iluminastes com a luz do Evangelho e quisestes que vivêssemos como filhos da luz. Nós Vos pedimos: dai-nos coragem para dizer a verdade e a liberdade para proclamar a nossa responsabilidade. Salvai-nos da tentação de negar os crimes e esconder a injustiça. Dai-nos a força para começar tudo de novo e de não desistir quando o pecado e a culpa obscurecem a luz do Evangelho. Fortalecei a nossa confiança em Vosso Filho, que é o único caminho, a verdade e a vida. O Vosso nome seja louvado por toda a eternidade”.
Três discursos e liturgia penitencial
O programa de hoje foi composto de dois discursos pela manhã. O primeiro foi de uma religiosa nigeriana, Ir. Verônica Openibo, superiora geral da Sociedade do Santo Menino Jesus, sobre o tema “Estar disponíveis: enviados ao mundo”. O segundo foi do cardeal Reinhard Marx, arcebispo de Munique e Freising, presidente da Conferência Episcopal Alemã, que refletiu sobre o tema “Uma comunidade de fiéis transparente”. O terceiro discurso, no período da tarde: a jornalista mexicana Valentina Alazraki fala sobre o tema “Comunicação: para todas as pessoas”. Às 17h30, será realizada na Sala Regia a Liturgia Penitencial. No domingo, 24, às 9h30, o encontro termina com a missa celebrada também na Sala Regia.