A partir do episódio bíblico da cura do paralítico, Papa falou da necessidade de viver a vida como ela é, boa ou ruim, como for, é preciso seguir adiante
Da Redação, com Rádio Vaticano
O Evangelho do dia, que narra o episódio do paralítico curado por Jesus, foi o centro da homilia do Papa Francisco na Missa desta terça-feira, 28, na Casa Santa Marta.
O relato conta a história de um homem doente há trinta e oito anos e que estava deitado na beira de uma piscina, onde ficavam ali deitados cegos, coxos e paralíticos, esperando que a água se movesse. Diziam que quando um anjo descia e movimentava a água da piscina, os primeiros doentes que entrassem, depois do borbulhar da água, ficavam curados de qualquer doença que tivessem.
Vendo o homem deitado e sabendo que estava doente há tanto tempo, Jesus perguntou se ele queria ser curado, uma atitude bela, destacou o Papa Francisco. “Jesus sempre nos diz ‘Quer ficar curado? Quer ser feliz? Quer melhorar a sua vida? Quer estar cheio do Espírito Santo?’… a palavra de Jesus… Todos os outros que estavam ali – doentes, cegos, paralíticos – disseram: ‘Sim, Senhor, sim!’. Mas aquele homem, estranho, respondeu a Jesus: ‘Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente’. Sua resposta é uma lamentação: ‘Veja, Senhor, como é ruim e injusta a vida comigo. Todos os outros podem entrar e se curar e eu tento há 38 anos, mas…’”
Francisco explicou que este homem era como a árvore plantada nos braços de um rio, com as raízes secas, que não podiam tocar a água. É possível constatar isso a partir do comportamento do homem, a partir de suas lamentações. “Sempre tentando dar a culpa ao outro: ‘Mas são os outros que vão antes de mim, eu sou um coitadinho que está aqui há 38 anos…”. Este é um pecado feio, o pecado da preguiça, que é pior do que ter o coração morno, bem pior. É viver, mas ‘viver sem vontade de ir avante, de fazer alguma coisa na vida; é perder a memória da alegria’. “Este homem não conhecia nem de nome a alegria, a havia perdido. Isto é pecado, é uma doença muito ruim”. ‘Mas eu estou bem assim, me acostumei… A vida foi injusta comigo…’. “Sente-se o ressentimento, a amargura do seu coração”.
Jesus não o repreendeu, explicou o Papa, mas lhe disse para levantar, pegar a cama e andar e, então, o paralítico se curou. Isso foi feito em um dia de sábado, os Doutores da Lei disseram que não era permitido carregar a cama e lhe perguntam quem o havia curado naquele dia. O Paralítico não tinha ainda agradecido Jesus, não lhe havia nem perguntado seu nome. “Levantou-se com a preguiça de quem vive porque o oxigênio é grátis”, disse o Papa.
“A preguiça – explicou Francisco – é um pecado que paralisa, que nos deixa paralíticos, que não deixa caminhar. Hoje também o Senhor olha por todos nós; todos temos pecados, mas vendo este pecado, nos diz: ‘Levanta’”.
“Hoje o Senhor diz a cada um de nós: ‘Levanta, pega a tua vida como ela é: boa, ruim, como for, pegue-a e vá adiante. Não tenha medo, vai adiante, com a tua cama’. (…) ‘Quer ser curado?’ – é a primeira pergunta que o Senhor nos faz hoje. ‘Sim, Senhor’. ‘Levanta’. E na antífona, no início da missa, havia aquele trecho tão bonito: ‘Vós, que tendes sede, vinde às águas – são grátis, não a pagamento – vinde e bebei com alegria’. E se dissermos ao Senhor ‘Sim, quero ser curado; sim, Senhor, ajuda-me porque quero me levantar’, saberemos como é a alegria da salvação”.