Para a salvação, Papa destacou que de nada servem as obras sem o amor misericordioso
Da Redação, com Rádio Vaticano
É preciso combater a “síndrome de Jonas” que leva à hipocrisia de pensar que para salvar-se bastam as obras. Foi o que afirmou Papa Francisco na Missa celebrada na manhã desta segunda-feira, 14, na Casa Santa Marta. Ele alertou para a “atitude de religiosidade perfeita”, que olha para a doutrina, mas não cuida da salvação do “povo pobre”.
A homilia do Papa concentrou-se no binômio “síndrome de Jonas” e “sinal de Jonas”. Ele observou que Jesus fala no Evangelho do dia da “geração má”, mas Ele não se refere ao povo que O seguia com amor, e sim aos “doutores da lei”, que procuravam testá-Lo e fazê-Lo cair em armadilhas.
Estas pessoas, de fato, segundo explicou o Papa, pediam sinais e Jesus respondeu que somente lhes seria dado o “sinal de Jonas”. Francisco explicou que Jonas tinha as coisas muito claras para si: “a doutrina é esta e se deve fazer isto, os pecadores que cuidem de si”. Segundo o Papa, Jesus chama de hipócrita quem vive assim, pois não querem a salvação dos pobres, dos pecadores.
“A ‘síndrome de Jonas’ não tem o zelo pela conversão do povo, procura uma santidade – permito-me a palavra – uma santidade de ‘tinturaria’, toda bela, toda bem feita, mas sem aquele zelo de ir pregar o Senhor”.
E diante desta geração doente pela “síndrome de Jonas”, Francisco lembrou que o Senhor promete o sinal de Jonas. “A outra versão, aquela de Mateus, diz: Jonas esteve dentro da baleia por três noites e três dias, referindo-se a Jesus no sepulcro – à sua morte e à sua Ressurreição – e aquele é o sinal que Jesus promete, contra a hipocrisia, contra esta atitude de religiosidade perfeita, contra esta atitude de um grupo de fariseus”.
O Papa citou outra parábola do Evangelho que fala muito bem deste aspecto: a do fariseu e do publicano que rezam no templo. O fariseu estava seguro de si mesmo, agradecendo por não ser como o publicano, que somente pedia a misericórdia de Deus, reconhecendo-se pecador. Eis, então, que o sinal que Jesus promete pelo seu perdão é a sua misericórdia: misericórdia, e não sacrifício.
“O sinal de Jonas, o verdadeiro, é aquele que nos dá a confiança de ser salvos pelo sangue de Cristo. Quantos cristãos, quantos há, pensam que serão salvos somente pelo que fazem, pelas suas obras. As obras são necessárias, mas são uma consequência, uma resposta ao amor misericordioso que nos salva. Mas as obras, sem este amor misericordioso, não servem. Em vez disso, a ‘síndrome de Jonas’ confia somente na sua justiça pessoal, nas suas obras”.
Ao final da homilia, o Papa reforçou que o sinal de Jonas é um chamado – seguir o Senhor – e para todo chamado há uma resposta. “Aproveitemos hoje desta liturgia para perguntarmos a nós mesmos e fazermos uma escolha: o que eu prefiro, a síndrome de Jonas ou o sinal de Jonas?”.