Segundo Francisco, “o tema do Jubileu, ‘Peregrinos da Esperança’, encontra uma declinação singular e evocativa nos percursos das catacumbas”.
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira, 17, na Sala do Consistório, no Vaticano, os participantes da reunião plenária da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra.
No início de seu discurso, o Pontífice disse apreciar o compromisso da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra “de envolver as novas gerações de estudantes e estudiosos de arqueologia cristã a fim de manter uma elevada qualidade de proteção, pesquisa, restauração e valorização das catacumbas cristãs da Itália”.
Jubileu 2025
O Jubileu é um tempo favorável e propício para colocar a reconciliação com Deus e uns com os outros de volta no centro da vida. Ao participar deste Ano Santo, obtém-se a indulgência plenária. Com tema “Peregrinos de esperança”, o Jubileu 2025 terá início no dia 24 de dezembro de 2024 e se encerrará no dia 6 de janeiro de 2026, com o fechamento da Porta Santa da Basílica de São Pedro.
A frequência do ano jubilar mudou ao longo do tempo: no início, era a cada 100 anos; passou para 50 anos, em 1343, com Clemente VI; e para 25, em 1470, com Paulo II. A forma de celebrar esses anos também foi diferente: na sua origem, fazia-se a visita às Basílicas romanas de São Pedro e São Paulo, portanto uma peregrinação. Mais tarde, foram-se acrescentando outros sinais, como a Porta Santa.
Criação das Jornadas das Catacumbas
O Papa recordou que a criação das Jornadas das Catacumbas, com o envolvimento de famílias e crianças nas oficinas educativas, a apresentação das diferentes catacumbas tanto em programas televisivos quanto nas redes sociais, a atribuição de bolsas de estudo e os lugares de pesquisa arqueológica anuais em colaboração com diversas universidades, são iniciativas que contribuem “para promover o conhecimento das catacumbas e sua frequência qualificada”.
Durante a reunião plenária da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra, o tema do próximo Jubileu foi abordado, pois, “nesse grande evento, as catacumbas cristãs serão naturalmente um dos destinos mais significativos”.
O Jubileu nos percursos das catacumbas
Segundo Francisco, “o tema do Jubileu, ‘Peregrinos da Esperança’, encontra uma declinação singular e evocativa nos percursos das catacumbas“.
“Descobrimos, nesses percursos, os mais antigos símbolos e representações cristãs, que testemunham a esperança cristã. Nas catacumbas, tudo fala de esperança. Fala de vida além da morte, da libertação dos perigos e da própria morte através da obra de Deus, que em Cristo, o Bom Pastor, nos chama a participar da bem-aventurança do Paraíso, evocada com figuras de plantas frondosas, flores, prados verdejantes, pavões e pombas, ovelhas pastando. Tudo fala de esperança e vida!”
O Papa completa: “As catacumbas, sendo ‘cemitérios’, ou seja, ‘dormitórios’, testemunham a expectativa, a esperança do cristão, que crê na ressurreição de Cristo e na ressurreição da carne”.
A esperança cristã: dos epitáfios aos mártires
A peregrinação às catacumbas, segundo o Santo Padre, “nos lembra que todos somos peregrinos, a caminho da meta do encontro com Deus, que em Cristo Ressuscitado nos chama a partilhar a sua beatitude e a sua paz”.
Na reunião plenária, Francisco também recordou as mensagens escritas e presentes até hoje nos túmulos das catacumbas: “As primeiras gerações cristãs comunicam e expressam essa fé por meio de palavras de bons votos e orações que retornam continuamente nos epitáfios escritos nos túmulos dos seus entes queridos: Vivas in pace – Vivas in Deo, Vivas in Christo!“
Em seguida, o Papa se referiu aos mártires, relembrando o testemunho de fé e esperança que ainda hoje ressoa a todos nós: “A esperança cristã é testemunhada sobretudo pelos Mártires, cujas memórias pontilham os percursos das catacumbas”.
Desta forma, Francisco ressaltou a todos os participantes da reunião a importância da visita aos túmulos dos mártires: “saúdo-os calorosamente pela proposta de evidenciar, em vista do Jubileu, os túmulos dos Mártires, propondo-os aos peregrinos como paradas significativas nos seus itinerários de visita”.
“Parar diante deles, coloca-nos frente a frente com o exemplo corajoso desses cristãos, sempre atual, e nos convida a rezar pelos muitos irmãos que hoje sofrem perseguições por causa da fé em Cristo.”
Um serviço às raízes e à evangelização
Francisco elogiou “a decisão de ampliar o número de locais das catacumbas acessíveis aos peregrinos”, que lhe “parece propícia e oportuna a fim de permitir que mais peregrinos as visitem e se fortaleçam na fé e na esperança”.
O Papa disse aos participantes da reunião plenária da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra que eles “são, em nome da Santa Sé e de toda a Igreja, guardiões do patrimônio de fé e de arte das catacumbas cristãs da Itália, como reitera a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium“.
“Agradeço a vocês pelo seu serviço e os exorto a sempre levá-lo adiante com competência e paixão. É um serviço à memória e ao futuro. Um serviço às raízes e à evangelização, porque a mensagem das catacumbas fala a todos, aos peregrinos e aos visitantes distantes. Fala a partir de uma experiência de fé”, concluiu.