Na homilia de hoje, Papa criticou a indiferença que deixa inerte em relação ao sofrimento alheio e pediu encontro verdadeiro com o próximo
Da Redação, com Rádio Vaticano
Trabalhar para construir uma verdadeira cultura do encontro, que vence a cultura da indiferença. Esse foi o pedido do Papa Francisco na Missa desta terça-feira, 13, na Casa Santa Marta.
Francisco falou do encontro de Deus com o seu povo e advertiu para os maus hábitos que, em família, afastam da escuta do outro. A Palavra de Deus hoje faz refletir sobre um encontro. Com frequência, observou o Papa, as pessoas se cruzam, mas não se encontram. Cada um pensa em si mesmo; olha, mas não vê; ouve, mas não escuta.
“O encontro é outra coisa, é aquilo que o Evangelho hoje nos anuncia: um encontro; um encontro entre um homem e uma mulher, entre um filho único vivo e um filho único morto; entre uma multidão feliz, porque encontrou Jesus e o segue, e um grupo de pessoas, chorando, que acompanha aquela mulher, que saía de uma porta da cidade; encontro entre aquela porta de saída e a porta de entrada. O ovil. Um encontro que nos faz refletir sobre o modo de nos encontrar entre nós”.
O Evangelho fala da grande compaixão que Deus teve nessas situações. Esta compaixão, advertiu Francisco, não é o mesmo que as pessoas sentem quando andam na rua e veem uma coisa triste e pensa “que pena”. Jesus não passa além, é tomado pela compaixão. Aproxima-se da mulher, a encontra realmente e depois faz o milagre.
Neste episódio, o Papa destacou que não se vê apenas a ternura, mas também a fecundidade de um encontro. “Todo encontro é fecundo. Todo encontro restitui as pessoas e as coisas no seu lugar. Estamos acostumados com a cultura da indiferença e temos que trabalhar e pedir a graça de fazer a cultura do encontro, do encontro fecundo que restitui a todas as pessoas a própria dignidade de filhos de Deus. Nós estamos acostumados com esta indiferença, quando vemos as calamidades deste mundo ou as pequenas coisas: ‘Mas que pena, pobres pessoas, como sofrem’, e ir adiante. Se eu não ver – não é suficiente ver, mas olhar – se eu não paro, não olho, não toco, se não falo, não posso fazer um encontro e nem ajudar a fazer a cultura do encontro”.
O Papa explicou ainda que todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus por visitar o seu povo. Da mesma forma, ele disse que gosta de ver também o encontro de todos os dias entre Jesus e sua esposa, a Igreja, que aguarda o Seu retorno.
E a mensagem de hoje é que todos são carentes da Palavra de Deus e precisam desse encontro com Ele. “À mesa, em família, quantas vezes se come, se vê TV ou se escreve mensagens no celular. Todos são indiferentes a este encontro. Até no fulcro da sociedade, que é a família, não existe encontro. Que isto nos ajude a trabalhar por esta cultura do encontro, tão simplesmente como o fez Jesus. Não olhar apenas, mas ver; não ouvir apenas, mas escutar; não só cruzar com os outros, mas parar. Não dizer apenas ‘que pena, pobres pessoas’, mas deixar-se levar pela compaixão. E depois, aproximar-se, tocar e dizer do modo mais espontâneo no momento, na linguagem do coração: ‘Não chore’. E dar pelo menos uma gota de vida”.