Nesta segunda-feira, 13, Francisco encontrou com missionários da África reunidos para o Capítulo Geral; Pontífice renovou seu pesar pelo adiamento da viagem à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência nesta segunda-feira, 13, na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do Capítulo Geral da Sociedade dos Missionários da África. O Pontífice iniciou o seu discurso, dizendo que, “com grande pesar”, teve que “adiar a viagem ao Congo e ao Sudão do Sul”.
“Na verdade, com a minha idade não é tão fácil ir em missão! Mas, suas orações e seu exemplo me dão coragem, e estou confiante em poder visitar esses povos, que carrego no coração. No próximo domingo, tentarei celebrar a missa com a comunidade congolesa em Roma. Não o próximo, mas em 3 de julho, dia em que eu deveria celebrar em Kinshasa. Traremos Kinshasa a São Pedro, e ali celebraremos com todos os congoleses romanos, que são muitos!”, disse.
Na sequência, o Santo Padre recordou os 150 anos de fundação dos Missionários da África, celebrados de 8 de dezembro de 2018 a 8 de dezembro de 2019, vividos com as Missionárias da África. “Por favor, levem também a elas minha saudação”, sublinhou.
Trabalham na missão como testemunha profética
“Para este Capítulo Geral vocês escolheram trabalhar na missão como testemunha profética”, disse o Papa, ressaltando que gostou muito de ouvir que os Missionários da África viveram esses dias “com gratidão” e “com esperança”. “Isso é muito bonito. Olhar para o passado com gratidão é um sinal de boa saúde espiritual. É o comportamento “deuteronômico” que Deus ensinou ao seu povo. Cultivar a memória agradecida do caminho que o Senhor nos fez percorrer. Essa gratidão alimenta a chama da esperança”, disse Francisco, acrescentando:
“Quem não sabe agradecer a Deus pelos dons que Ele semeou ao longo do caminho, mesmo que cansativo e às vezes doloroso, não tem uma alma esperançosa, aberta às surpresas de Deus e confiante em sua providência. Essa atitude espiritual é decisiva para que amadureçam as sementes da vocação que o Senhor desperta com seu Espírito e sua Palavra. Uma comunidade que sabe dizer “obrigado” a Deus e aos irmãos, e que se ajuda a esperar no Senhor Ressuscitado é uma comunidade que atrai e apoia aqueles que são chamados. Então, continuem assim: gratidão e esperança.”
A propósito do “tema da missão como testemunha profética”, o Pontífice sublinhou que ali está em jogo a fidelidade às raízes, “ao carisma que o Espírito confiou ao Cardeal Lavigerie”, fundador dos Missionários da África. “O mundo muda, a África também muda e aquele dom conserva sua carga de significado e força na medida em que é reconduzido a Cristo e ao Evangelho”, frisou.
Oração e fraternidade
“Sejam apóstolos, nada além de apóstolos!”, disse Francisco, recordando as palavras do fundador dos Missionários da África, sublinhando que “o apóstolo de Jesus Cristo não faz proselitismo, não é um gerente, não é um conferencista erudito, não é um “mago” da informática, o apóstolo é uma testemunha. Isso vale sempre e em toda parte na Igreja, mas vale especialmente para quem, como vocês, são muitas vezes chamados a viver a missão em contextos de primeira evangelização ou de religião islâmica predominante. Testemunho significa essencialmente duas coisas: oração e fraternidade. Um coração aberto a Deus e aos irmãos e irmãs”.
O Santo Padre recordou o testemunho de Charles de Foucauld: “É outro carisma, certamente, mas tem muito a dizer também a vocês, como a todos os cristãos do nosso tempo”.
“A partir de sua intensa experiência de Deus, ele realizou um caminho de transformação até se sentir irmão de todos. Oração e fraternidade: a Igreja deve retornar a esse núcleo essencial, a essa simplicidade radiante, naturalmente não de maneira uniforme, mas na variedade de seus carismas, de seus ministérios e instituições. Porém, tudo deve transparecer esse núcleo original, que remonta ao Pentecostes e à primeira comunidade, descrita nos Atos dos Apóstolos”.
A comunidade dá testemunho profético
Segundo Francisco, “muitas vezes somos levados a pensar na profecia como uma realidade individual, no modelo dos profetas de Israel, mas a profecia é acima de tudo comunitária: é a comunidade que dá testemunho profético, um desafio que só pode ser aceito, contando com a ajuda do Espírito Santo”.
De acordo com o Pontífice, a comunidade dos Missionários da África que vive de oração e fraternidade, é chamada ao diálogo com o ambiente em que vive, com as pessoas, com a cultura local.
“Nesses contextos, onde muitas vezes, além da pobreza, se vivem a insegurança e a precariedade, vocês são enviados a viver a doce alegria de evangelizar”, disse Francisco, usando as palavras de São Paulo VI na Exortação apostólica Evangelii nuntiandi. “Que Nossa Senhora, Nossa Senhora da África os acompanhe e os proteja”, concluiu.