Francisco enviou mensagem aos participantes da terceira edição do “LaborDì”, um evento voltado para os jovens e o mundo do trabalho
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes da terceira edição do “LaborDì”. O evento é voltado para os jovens e o mundo do trabalho e promovido pela Associação Cristã dos Trabalhadores Italianos (ACLI) nesta terça-feira, 17.
No início do texto, o Pontífice ressalta o compromisso e a energia necessários para o crescimento das novas gerações. Contudo, esses esforços seriam em vão sem a resposta positiva dos jovens, e ainda que boas oportunidades tenham sido desperdiçadas ao longo do caminho, a vida não se cansa de convidá-los a saírem de si mesmos.
“Depois de passar pela adolescência, o mundo se abre diante de vocês. Pode parecer lotado e distraído quando vocês chegarem; no entanto, ainda falta a sua contribuição, aquilo que sempre foi esperado de vocês. Com vocês – e gostaria de dizer a cada um: com você – o novo entra no mundo. Tudo, realmente tudo pode mudar”, registra o Santo Padre.
Ele salienta que tudo está interligado na Criação e, por isso, a contribuição de cada um pode melhorar o mundo. “O mundo do trabalho é um mundo humano, onde todos estão conectados com todos”, escreve Francisco.
Infelizmente, sinaliza, o mundo está “poluído” por comportamentos negativos. Diante disso, junto com o cuidado da criação e com a qualidade da vida humana, “é necessária a busca da fraternidade humana e da amizade social, porque nossos vínculos contam mais do que números e performances”, afirma o Papa.
“Não ceda a pedidos que te humilham”
Na sequência, o Pontífice sugere a imagem do coração: “para a Bíblia, o coração é o lugar das decisões. Ali nascem as aspirações, ali surgem os sonhos, ali se sente a resistência, ali a preguiça se insinua. Você conhece o seu coração: guarde-o! (…) E ali, se você tem o dom da fé, sabe que Deus te espera com infinita paciência”.
O Santo Padre explica que, quando se ingressa no mundo do trabalho, tudo parecerá rápido, e o indivíduo pode se sentir esgotado com as cobranças. “Nessas circunstâncias, aprenda a guardar o seu coração, a permanecer em paz e livre. Não ceda a pedidos que te humilham e lhe causam desconforto, a formas de proceder e exigências que sujam a sua autenticidade”, aconselha Francisco.
Ele acrescenta que, para contribuir com sua parte, não é preciso fazer com que as coisas corram bem ou mal ou se conformar a modelos nos quais não se acredita. O Papa sublinha que “o mal nos aliena, extingue sonhos, nos deixa sozinhos e resignados. O coração sabe perceber e, quando for o caso, precisamos pedir ajuda e nos unir a quem nos conhece e se preocupa conosco. Você tem que escolher”.
Ser humano é a inteligência do coração
Por fim, o Pontífice destaca que o coração busca amizades, pensa sem se isolar, e é flexível e generoso. “Ele sabe abrir mão de algo, mas perseguindo o ideal. Ele sabe estabelecer metas, mas presta atenção em como elas são alcançadas”, salienta. Desta forma, “quando o trabalho é organizado sem coração, então a dignidade humana de quem trabalha está em perigo, ou não consegue encontrar trabalho, ou se adapta a um trabalho indigno”.
Frente a isso, o Santo Padre enfatiza que o ser humano é “a inteligência do coração, a razão que ouve as razões dos outros, a imaginação que cria o que ainda não existe, a imaginação pela qual Deus nos tornou todos diferentes”. Concluindo sua mensagem, Francisco encoraja os jovens a unir esforços e construir redes, inclusive internacionais, para reparar a casa comum e redesenhar a fraternidade humana. “O trabalho que não aliena, mas liberta, começa no coração”, finaliza.