EVANGELIZAÇÃO

Papa: sem encontro com Deus, fé se torna teoria e não testemunho

Em discurso a participantes de plenária do Dicastério para a Evangelização, Francisco incentivou luta contra secularismo e anúncio de Deus com “estilo da misericórdia”

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco junto aos participantes da plenária nesta sexta-feira, 15 / Foto: Reprodução Reuters

O Papa Francisco recebeu em audiência nesta sexta-feira, 15, os participantes da plenária da Seção para Questões Fundamentais do Mundo do Dicastério para a Evangelização. Entre os temas abordados, ele falou sobre a luta contra o secularismo, a transmissão da fé e a misericórdia de Deus.

Em seu discurso, lido pelo monsenhor Filippo Ciampanelli, o Pontífice recordou “a situação enfrentada por várias Igrejas locais, onde o secularismo das décadas passadas criou enormes dificuldades, desde a perda do sentido de pertença à comunidade cristã até a indiferença em relação à fé e aos seus conteúdos”.

Ele afirmou que se tratam de problemas sérios, diante dos quais não se pode desanimar. Frente aos efeitos negativos produzidos pelo secularismo, o Santo Padre sinalizou que este é o momento para entender qual é a resposta eficaz que somos chamados a dar às novas gerações para que possam recuperar o sentido da vida.

Transmissão da fé

Um dos pontos citados por Francisco é o apelo secular à autonomia da pessoa. Ele sublinhou que este tópico não pode ser teorizado como independência de Deus, uma vez que Ele é quem garante a liberdade de ação pessoal. Além disso, o Papa alertou também para a visão da nova cultura digital acerca da verdade que habita em cada pessoa.

“O grande problema que temos diante de nós é compreender como superar a ruptura ocorrida na transmissão da fé”, enfatizou o Pontífice. “Para isso”, prosseguiu, “é urgente recuperar uma relação eficaz com as famílias e os centros de formação”.

Ele frisou que, para a fé no Ressuscitado ser transmitida, é necessária “uma experiência significativa vivida na família e na comunidade cristã como um encontro com Jesus Cristo que muda a vida”. Sem esse encontro, real e existencial, pontuou o Santo Padre, o homem estará sempre sujeito à tentação de fazer da fé uma teoria e não um testemunho de vida.

“Espiritualidade da misericórdia”

Na sequência, Francisco agradeceu aos participantes da plenária pelo serviço que prestam no campo da catequese. Ele expressou o desejo de que os bispos saibam nutrir e acompanhar as vocações para o ministério de catequista, com especial atenção aos mais jovens.

O Papa também falou sobre a “espiritualidade da misericórdia”, apontando-a como conteúdo fundamental na obra de evangelização. “A misericórdia de Deus nunca falha e somos chamados a dar testemunho dela e a fazê-la circular nas veias do corpo da Igreja”, declarou, ressaltando que “Deus é misericórdia”.

Segundo o Pontífice, os Missionários da Misericórdia, com seu serviço ao Sacramento da Reconciliação, dão um testemunho que ajuda todos os sacerdotes a redescobrir a graça e a alegria de serem ministros de Deus, indo ao encontro das pessoas que estão retomando o caminho ou ainda vagueiam em seus labirintos. “Quando a evangelização é realizada com a unção e o estilo da misericórdia, o coração se abre com mais disponibilidade à conversão”, sintetizou.

Rumo ao Jubileu 2025

Por fim, o Santo Padre abordou a preparação para o Jubileu 2025. Ele indicou que, no Ano Santo, deverá emergir a força da esperança. “Esta virtude teologal foi vista poeticamente como a “irmã mais nova” entre as outras duas, a fé e a caridade, mas sem a qual estas duas não podem avançar e não se expressam em sua melhor forma”, exprimiu.

Recordando o Ano da Oração instituído de forma preparatória ao Jubileu, ele sinalizou que é preciso redescobrir a oração como uma experiência de estar na presença do Senhor. “Como Jesus nos ensinou, não se trata de multiplicar nossas palavras, mas sim de dar espaço ao silêncio para ouvir sua Palavra e acolhê-la em nossa vida”, concluiu.

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