Santo Padre chegou hoje à Estônia; no discurso às autoridades, enfatizou importância de um líder ser capaz de gerar vínculos
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
Na última etapa da viagem aos países bálticos, o Papa Francisco chegou à Estônia nesta terça-feira, 25. O Pontífice foi acolhido pela presidente do país, Kersti Kaljulaid, e logo se dirigiu ao palácio presidencial na capital Tallinn para o tradicional encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático.
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Francisco observou o fato de que as terras da Estônia, há séculos, são chamadas “Terra de Maria”, um nome que pertence não só à história, mas também à cultura do país. “A evocação de Maria sugere-me duas palavras: memória e fecundidade. Maria é a mulher da memória, que guarda tudo o que vive, como um tesouro, em seu coração (cf. Lc 2, 19); mas é também a mãe fecunda que gera a vida de seu Filho. Por isso mesmo, gostava de pensar na Estônia como terra de memória e de fecundidade”.
O Santo Padre recordou os momentos de sofrimento e tribulação que o país já enfrentou; lutas pela liberdade e independência. Mas nos últimos 25 anos, pontuou que a sociedade estoniana deu “passos gigantes” e o país hoje, apesar de pequeno, está entre os primeiros no índice de desenvolvimento humano.
“Reforçastes os laços de cooperação e amizade com vários países. Quando consideramos o vosso passado e o vosso presente, encontramos motivos para olhar com esperança o futuro nos novos desafios que surgem. Ser terra de memória significa saber lembrar que o lugar que alcançastes atualmente se deve ao esforço, ao trabalho, ao espírito e à fé dos vossos pais”, disse o Papa, convidando os estonianos a cultivar, agradecidos, essa memória.
Terra de fecundidade
Francisco também falou da Estônia como terra de fecundidade. Observou que hoje em dia vê-se nas sociedades a perda do sentido da vida, da alegria de viver, da capacidade de se maravilhar; pode-se ir perdendo pouco a pouco, alertou, a consciência de estar enraizado num povo, numa cultura, numa família.
“Uma terra fecunda requer cenários a partir dos quais enraizar-se e criar uma rede vital capaz de fazer com que os membros da comunidade se sintam ’em casa’. Não há alienação pior do que experimentar que não se tem raízes, não se pertence a ninguém. Uma terra será fecunda, um povo dará frutos e será capaz de gerar o amanhã apenas na medida em que dá vida a relações de pertença entre os seus membros, na medida em que cria laços de integração entre as gerações e as diferentes comunidades que o compõem, e ainda na medida em que quebra as espirais que obscurecem os sentidos, afastando-nos sempre uns dos outros”.
O Santo Padre concluiu o discurso deixando seu agradecimento pela recepção que teve no país. “Que o Senhor vos abençoe a vós e ao amado povo estoniano. De modo especial, abençoe os idosos e os jovens para que, preservando a memória e cuidando dela, façam desta terra um modelo de fecundidade”.