Retomando catequeses sobre oração, Papa falou do exemplo da oração de Elias, um dos personagens mais fascinantes da Bíblia
Da Redação, com Vatican News
“A oração de Elias” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, 7, retomando o ciclo de catequeses sobre a oração interrompidas por um ciclo de reflexões sobre o cuidado da criação. Em virtude da chuva, o encontro foi realizado na Sala Paulo VI.
Acesse
.: Catequeses do Papa Francisco
Francisco falou de Elias com um dos personagens mais fascinantes da Sagrada Escritura, presente também em alguns episódios do Evangelho. A Escritura o apresenta como um homem de fé cristalina. “Ele é o exemplo de todas as pessoas de fé que passam por tentações e sofrimentos, mas não deixam de viver à altura do ideal para o qual nasceram”.
A oração alimentou constantemente a vida de Elias, ressaltou o Papa, mas também ele é
obrigado a enfrentar as próprias fragilidades. “É difícil dizer quais experiências lhe foram mais úteis: se a derrota dos falsos profetas no Monte Carmelo, ou a perplexidade em que constata que ele ‘não é melhor do que os seus pais’”.
Oração: deixar-se conduzir por Deus
Segundo Francisco, na alma de quem reza, o sentido da própria debilidade é mais precioso do que momentos de exaltação, quando parece que a vida é uma cavalgada de vitórias e sucessos.
“Na oração acontece sempre isso. Momentos de oração que nos puxam para cima, nos enche de entusiasmo, e momentos de oração de dor, aridez e provações. A oração é assim: deixar-se conduzir por Deus e deixar-se também golpear, pelas situações ruins e até mesmo pelas tentações”.
Francisco destacou ainda que Elias é homem de vida contemplativa e, ao mesmo tempo, de vida ativa, preocupado com os acontecimentos do seu tempo. Nesse sentido, falou da necessidade de cristãos zelosos, “que agem diante de pessoas que têm responsabilidade gerencial com a coragem de Elias, para dizer: “Isto não deve ser feito! Isto é um assassinato”! Precisamos do espírito de Elias”.
Deste modo, Elias mostra que não deve haver dicotomia na vida de quem reza, acrescentou o Papa: não há diferença se está diante de Deus ou se vai ao encontro dos irmãos. “A oração não é um fechar-se com o senhor, para maquiar a alma. Não, isto não é oração. Isto é fingir de rezar. A oração é um confronto com Deus e um deixar-se enviar para servir aos irmãos. A prova da oração é o amor concreto pelo próximo”.
Da mesma forma é o caminho inverso, ressaltou Francisco: os fiéis agem no mundo depois de terem silenciado e rezado. Caso contrário, sua ação é impulsiva, sem discernimento e pode levar a injustiças, porque não se foi primeiro diante de Deus para rezar e discernir o que deve ser feito.
Regressar a Deus com a oração
O Papa disse ainda que Bíblia sugere que também a fé de Elias progrediu: ele cresceu na oração e, para ele, o rosto de Deus tornou-se mais nítido ao longo do caminho, até atingir o seu ápice naquela experiência em que Deus se manifestou a Elias no monte.
“É com este sinal humilde que Deus se comunica com Elias, que naquele momento é um profeta fugitivo que perdeu a paz. Deus vai ao encontro de um homem cansado, de um homem que pensava ter falhado em todas as frentes, e com aquela brisa suave, com aquele fio de silêncio sonoro, traz de volta a calma e a paz ao seu coração”.
O Papa concluiu dizendo que esta é a vicissitude de Elias, mas parece escrita para todos. “Em certas noites podemos sentir-nos inúteis e solitários. É então que a oração virá e baterá à porta do nosso coração. Todos nós podemos tocar uma orla do manto de Elias. E mesmo que tivéssemos feito algo de errado, ou se nos sentíssemos ameaçados e apavorados, regressando a Deus com a oração, voltarão também como que por milagre a serenidade e a paz. Isto é o que nos ensina o exemplo de Elias”, concluiu.