Em Akamasoa

Papa reforça: "Não há escravidão pior do que viver cada um só para si"

Em Madagascar, Francisco conheceu a Associação Humanitária Akamasoa, fundada pelo missionário argentino, padre Pedro Opeka

Da redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco e padre Pedro Opeka/ Foto: Reuters – Yara Nardi

A cidade de Akamasoa, conhecida como “Cidade da Amizade”, foi visitada pelo Papa Francisco neste domingo, 8. No local, o Pontífice encontrou-se com a comunidade e com o padre Pedro Opeka, missionário argentino que fundou – com a ajuda de um grupo de jovens – a Associação Humanitária Akamasoa, que ajuda os mais necessitados. Aos presentes, Santo Padre revelou a alegria de estar em Madagascar.

“É uma grande alegria estar aqui com padre Pedro e no meio de vocês, nesta grande obra. Padre Pedro foi meu aluno no curso de Teologia em 1966, 1967 ou 1968. Ele amava muito o trabalho, ele amava trabalhar”, recordou. Sobre a associação, o Santo Padre afirmou ser a expressão da presença de Deus no meio do povo pobre, e incentivou o trabalho dos missionários locais para que mais famílias possam viver com dignidade. “Vendo os vossos rostos radiantes, dou graças ao Senhor que ouviu o clamor dos pobres e manifestou o seu amor através de sinais palpáveis como a criação desta aldeia”.

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Francisco continuou: “Os vossos clamores nascidos do fato de não poderdes mais viver sem um teto, de verdes os vossos filhos crescer malnutridos, de não terdes trabalho, nascidos do olhar indiferente – para não dizer desdenhoso – de muitos, transformaram-se em cânticos de esperança para vós e quantos vos contemplam. Cada recanto destes bairros, cada escola ou dispensário é um cântico de esperança que recusa e faz calar toda a fatalidade. Digamos com força: a pobreza não é uma fatalidade”.

Para o Pontífice, a cidade de Akamasoa apresenta uma longa história de coragem e ajuda mútua, e é o resultado de muitos anos de trabalho duro. “Na base, encontramos uma fé viva que se traduziu em ações concretas, capazes de ‘mover montanhas’ (cf. Mc 11, 23). Uma fé que permitiu ver uma chance onde era visível apenas a precariedade, ver a esperança onde só era visível a fatalidade, ver a vida onde muitos anunciavam morte e destruição”, completou.

O Papa citou a frase do apóstolo São Tiago sobre o propósito da fé: “Se ela [fé] não tiver obras, está completamente morta” (2, 17). Francisco constatou que os alicerces do trabalho feito em comum, do sentido de família e comunidade consentiram restaurar, de forma artesanal e paciente, a confiança não só dentro dos malgaxes, mas entre eles, dando-os a possibilidade de ser os protagonistas e os artífices de suas próprias histórias.

“Uma educação para os valores, através da qual as primeiras famílias que iniciaram a aventura com o padre Opeka puderam transmitir o enorme tesouro de compromisso, disciplina, honestidade, respeito por si mesmo e pelos outros.(…) Faz parte do sonho de Deus não apenas o progresso pessoal, mas sobretudo o progresso comunitário, já que não há escravidão pior – como nos lembrou o padre Pedro – do que viver cada um só para si”, frisou.

Mensagem aos jovens

Aos jovens, o Santo Padre dirigiu uma mensagem particular: “Nunca desistais perante os efeitos nefastos da pobreza, nunca sucumbais às tentações da vida fácil ou do retraimento em vós mesmos. (…) Queridos jovens, cabe a vós continuar o trabalho feito pelos mais velhos. A força para realizar tudo isto, encontrá-la-eis na vossa fé e no testemunho vivo que foi plasmado na vossa vida”.

Francisco continuou: “Deixai desenvolver-se em vós os dons que o Senhor vos concedeu. Pedi-Lhe para vos ajudar a servir generosamente os vossos irmãos e irmãs. Assim, Akamasoa não será apenas um exemplo para as gerações futuras, mas sobretudo o ponto de partida duma obra inspirada por Deus, que encontrará o seu pleno desenvolvimento continuando a testemunhar o seu amor às gerações presentes e futuras”.

Oração

Ao final de seu discurso, o Santo Padre rezou para que se difunda, por Madagascar inteiro e em outras partes do mundo, modelos de desenvolvimento que privilegiem a luta contra a pobreza e a exclusão social a partir da confiança, da educação, do trabalho e do empenho. “São sempre indispensáveis para a dignidade da pessoa humana”, afirmou o Papa em referência aos valores citados anteriormente. Aos malgaxes, o Pontífice afirmou: “Obrigado uma vez mais pelo vosso testemunho profético e gerador de esperança. Que Deus continue a abençoar-vos. Peço-vos, por favor, que não vos esqueçais de rezar por mim”.

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