Em entrevista, Papa falou de fundamentalismo, diálogo inter-religioso e situação dos cristãos no Médio Oriente
Da Redação, com Agência Ecclesia
O Papa Francisco reforça a sua condenação à guerra em nome da religião numa nova entrevista, divulgada nesta sexta-feira, 28, por duas revistas ligadas aos Jesuítas, ‘La Civiltà Cattolica’ (Itália) e ‘Singum’ (Suécia).
“Não se pode fazer a guerra em nome da religião, de Deus: é uma blasfêmia, é satânico”, declara, evocando o recente encontro pela paz realizado em Assis, em 20 de setembro, com responsáveis de várias Igrejas e comunidades religiosas.
Francisco sustenta que são as “idolatrias” e não as religiões que provocam as guerras, apontando o dedo à “idolatria do dinheiro, das inimizades”. “Há uma idolatria da conquista do espaço, do domínio, que ataca as religiões como um vírus maligno. E a idolatria é uma falsa religião, é uma religião errada”, precisa.
O Papa afirma que as religiões têm a capacidade de levar o ser humano a transcender-se para “o absoluto”. “O fenômeno religioso é transcendente e tem a ver com a verdade, a beleza, a bondade e a unidade. Sem esta abertura, se não há transcendência, não há verdadeira religião”, prossegue.
Para o Pontífice, a abertura à transcendência não pode de forma alguma ser causa do terrorismo.
A entrevista aborda depois a situação dos cristãos no Médio Oriente, que o Papa apresenta como “terra de mártires”. “Podemos, sem dúvida, falar de uma Síria mártir e martirizada”, exemplifica.
Francisco recordou, neste contexto, o que aconteceu na ilha de Lesbos, quando se encontrou com um muçulmano e suas duas filhas, cuja mulher, cristã, tinha sido assassinada por terroristas diante da família, por não tirar uma cruz.
“Sim, ela é uma mártir. O cristão sabe que há esperança, o sangue dos mártires é semente de cristãos, sabemo-lo desde sempre”, referiu.
O Papa lamenta a “falta de frescor” em algumas comunidades católicas, o que leva a um “envelhecimento” da Igreja. Francisco lançou, então, o desafio de sonhar e profetizar.
A entrevista foi concedida no contexto da viagem que Francisco vai realizar à Suécia, entre 31 de outubro e 1 de novembro, para encontrar-se com as comunidades luterana e católica.