Catequese do Papa foi dedicada à recordação dos momentos marcantes que ele viveu em sua recente viagem à África, quando visitou República Democrática do Congo e Sudão do Sul
Da Redação, com Vatican News
Na catequese desta quarta-feira, 8, o Papa Francisco dedicou sua reflexão à sua recente viagem à África: República Democrática do Congo e Sudão do Sul. “Dois sonhos” foi a expressão usada pelo Papa para definir sua visita ao falar aos peregrinos reunidos na Sala Paulo VI, no Vaticano.
Francisco recordou cada um dos encontros que teve ao longo da viagem. Da sua primeira etapa, o Congo, o Pontífice se referiu ao país como o pulmão verde da África e segundo no mundo com a Amazônia. Os recursos naturais são ao mesmo tempo fonte de riqueza e de pobreza, de exploração e de guerra. O Congo é como um diamante, disse, mas um diamante ensanguentado pelas contendas e violências que a sua posse motiva.
De modo especial, o Pontífice recordou o encontro com as vítimas da violência no Leste do país, um dos mais emocionantes de toda a sua peregrinação. Para ele, os testemunhos que ouviu foram “chocantes”, oriundos de uma região dilacerada pela guerra entre grupos armados, manobrados por interesses econômicos e políticos. Trata-se duma dinâmica que se verifica também em outras regiões da África, um continente colonizado, explorado, saqueado.
“Diante de tudo isto, eu disse duas palavras: a primeira é negativa: basta!, parem de explorar a África! A segunda é positiva: juntos, com dignidade e respeito mútuo, juntos em nome de Cristo, nossa esperança!”.
Outro momento entusiasmante foi o encontro com os jovens e os catequistas congoleses: uma espécie de mergulho no presente projetado para o futuro.
Sudão do Sul
A segunda parte da viagem realizou-se no Sudão do Sul, em Juba. Lá se juntaram ao Papa o primaz anglicano e arcebispo de Cantuária e o Moderador Geral da Igreja da Escócia, os chefes de duas Igrejas historicamente presentes naquela terra.
Era o ponto de chegada de um caminho iniciado anos antes. Em 2019, Francisco reuniu-se em Roma com as Autoridades sul-sudanesas para assumir o compromisso de superar o conflito e construir a paz. Infelizmente, aquele processo de reconciliação não avançou e o recém-nascido Sudão do Sul acabou vítima da velha lógica do poder e da rivalidade, que produz guerra, violências, refugiados e deslocados internos.
Às autoridades locais, foi feito o convite a virar a página, levando adiante o Acordo de paz e dizendo “não” à corrupção e ao tráfico de armas – uma “vergonha”, e “sim” ao encontro e ao diálogo.
O caráter ecumênico da visita ao Sudão do Sul manifestou-se em particular no momento de oração celebrado com os irmãos Anglicanos e da Igreja da Escócia. Um ato simbólico contra quem abusa do nome de Deus para justificar violências e abusos.
Outro momento de destaque em Juba foi o encontro com os deslocados, que são dois milhões dos 11 milhões de habitantes do país. Dois milhões de pessoas obrigadas a sair de casa em decorrência de conflitos armados. Em particular, o Papa se dirigiu às mulheres, que são a força que pode transformar o país. Ele encorajou todos a serem sementes de um novo Sudão do Sul, sem violência, reconciliado e pacificado.
Por fim, o Pontífice convidou os fiéis a rezarem “a fim de que, na República Democrática do Congo e no Sudão do Sul, bem como em toda a África, germinem as sementes do seu Reino de amor, de justiça e de paz”.