Papa Francisco recebeu grupo de leigos empenhados no tema da ecologia e reforçou o empenho da Igreja na proteção da casa comum
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
A Igreja Católica não tem soluções prontas, mas pretende participar plenamente do empenho pela proteção da casa comum e quer favorecer a conversão ecológica. Essas foram palavras do Papa Francisco ao receber em audiência, nesta quinta-feira, 3, um grupo de leigos franceses empenhados no tema da ecologia.
O tema foi discutido em reflexões que a Conferência Episcopal da França promoveu sobre a Laudato si’, reflexões das quais participou esse grupo de especialistas na área, que hoje foram recebidos pelo Papa.
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No discurso entregue aos presentes, Francisco recordou o chamado a viver em uma casa comum, que sofre uma “inquietante degradação”. Mas alegra ver por quase toda parte a consciência sobre a urgência da situação e como o tema da ecologia está permeando cada vez mais o modo de pensar, embora ainda reste muito a ser feito e haja retrocessos.
Da sua parte, a Igreja Católica quer participar plenamente do empenho na proteção da casa comum, assegurou o Pontífice. “Ela não tem soluções prontas para propor e não ignora as dificuldades das questões técnicas, econômicas e políticas em jogo, nem todos os esforços que esse compromisso implica. Mas quer agir concretamente onde isso é possível e, sobretudo, quer formar consciências a fim de promover uma profunda e duradoura conversão ecológica”.
Francisco pontuou ainda como a fé oferece aos cristãos grandes motivações para a proteção da natureza, bem como dos irmãos e irmãs mais frágeis. “Estou certo de que a ciência e a fé, que propõem diferentes abordagens da realidade, podem desenvolver um diálogo intenso e frutífero”, acrescentou citando a encíclica Laudato sì.
Cabe ao cristão, frisou o Papa, respeitar a obra que o Pai lhe confiou, como um jardim a cultivar, a proteger e fazer crescer conforme seu potencial. “Neste jardim que Deus nos oferece, os seres humanos são chamados a viver em harmonia a justiça, na paz e na fraternidade, ideal evangélico proposto por Jesus”.
Ao ver a natureza unicamente como objeto de lucro e interesses, o resultado é o rompimento da harmonia e graves desigualdades, injustiças e sofrimentos, alertou o Santo Padre. Ele recordou as palavras de São João Paulo II para destacar a relação entre a terra e o homem, criados por Deus, bem com a necessidade de respeito à estrutura natural e moral.
“Portanto, tudo está conectado. É a mesma indiferença, o mesmo egoísmo, a mesma ganância, o mesmo orgulho, a mesma pretensão de ser o dono e o déspota do mundo que levam o ser humano, por um lado, a destruir espécies e a saquear os recursos naturais; por outro lado, a explorar a miséria, abusar do trabalho de mulheres e crianças, a derrubar as leis da célula familiar, a não respeitar mais o direito à vida humana desde a concepção até o fim natural.”
Com base nisso, o Papa destacou que não se pode ter a ilusão de querer restaurar a relação com a natureza e o ambiente sem restaurar todas as relações humanas fundamentais. “Não haverá uma nova relação com a natureza sem um ser humano novo e é curando o coração do homem que se pode esperar curar o mundo das suas desordens sejam sociais sejam ambientais”.
Francisco concluiu o discurso renovando o encorajamento pelos esforços em favor da proteção do ambiente e com uma mensagem de esperança. “Enquanto as condições do planeta podem parecer catastróficas e certas situações pareçam até mesmo irreversíveis, nós cristãos não perdemos a esperança, porque temos o olhar dirigido a Jesus Cristo”.