Na homilia desta quinta-feira, 28, Francisco exortou os fiéis a ouvirem a voz do Senhor para não deixarem que o coração endureça
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco celebrou na manhã desta quinta-feira, 28, a missa na capela da Casa Santa Marta. Em sua homilia, o Santo Padre fez um forte convite à conversão e advertiu os fiéis para o risco de se ter um coração que não ouve a voz do Senhor e que se torna como “a terra sem água”, endurece.
No Evangelho de hoje, o Pontífice afirma que Jesus é claro: “Quem não está comigo, está contra mim”. “Ou se tem o coração obediente, ou perdemos a fidelidade”. “Nós, muitas vezes, somos surdos e não ouvimos a voz do Senhor. Sim, ouvimos o telejornal, as fofocas do bairro: isso sim, ouvimos sempre”, advertiu Francisco.
Segundo o Santo Padre, o Senhor exorta todos a ouvirem a sua voz e a não endurecerem o coração. A Primeira Leitura, extraída do profeta Jeremias, descreve a experiência de Deus diante do “povo teimoso, que não quer ouvir”, disse o Papa. Este trecho de Jeremias é, portanto, “um pouco a lamentação do Senhor”, explicou o Pontífice, que seguiu afirmando que Deus ordena ao povo que ouça a sua voz, relacionando-a com a promessa de que sempre será o Deus de seu povo e que eles serão sempre o seu povo.
“Mas o povo não o ouviu e não prestou atenção; ao contrário, seguindo as más inclinações do coração, andaram para trás e não para a frente e, ao invés de se dirigirem a Ele, viraram as costas”, comentou o Santo Padre, que pediu a cada um para refletir se não fez a mesma coisa.
De acordo com Francisco, na Primeira Leitura, Deus recorda que, desde a saída do Egito, enviou todos os seus servos, os profetas, mas não foi ouvido: “Se obstinaram no erro, procedendo ainda pior que seus pais”. O texto termina com um testemunho de morte: “a fé morreu”, frisou o Papa.
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“Um povo sem fidelidade, que perdeu o sentido da fidelidade. E esta é a pergunta que hoje a Igreja quer que nós façamos, cada um: ‘Eu perdi a fidelidade ao Senhor?’ – ‘Não, não, vou todos os domingos à missa …’ – ‘Sim, sim: mas aquela fidelidade do coração: eu perdi aquela fidelidade ou o meu coração está duro, obstinado, surdo, não deixa entrar o Senhor, se vira sozinho com três ou quatro coisas e depois faz o que quer?’. Esta é uma pergunta para cada um de nós: todos devemos conseguir, porque a Quaresma serve para isso, para restabelecer o nosso coração”, exortou o Santo Padre.
O Pontífice continuou pedindo: “Ouça hoje a voz do Senhor, é o convite da Igreja. Não endureçam o coração. Quando alguém vive com o coração duro, que não ouve o Senhor, vai além de não ouvi-lo e quando há algo do Senhor que não gosta, deixa-O de lado com algum pretexto, descreditando o Senhor, caluniando e difamando-O”.
“Foi o que aconteceu com Jesus e a multidão”, disse o Santo Padre comentando o Evangelho do dia, para explicar o que significa descreditar o Senhor. “Jesus fazia milagres, curava os doentes e esses obstinados o que disseram? ‘É por meio de Belzebu que Ele expulsa os demônios’”, recordou Francisco, acrescentando que “descreditar o Senhor” é “o penúltimo passo dessa rejeição”. “O último passo do qual não há volta é a blasfêmia contra o Espírito Santo”, prosseguiu o Papa, recordando as fortes palavras de Jesus no final do Evangelho:
“Jesus tenta convencê-los, mas não consegue… E no final, assim como o profeta termina com esta frase clara – ‘a fé morreu’ – Jesus termina com outra frase que pode nos ajudar: ‘Quem não está comigo, está contra mim’. ‘Não, não, eu estou com Jesus, mas mantendo certa distância, não me aproximo muito’: não, isso não existe. Ou você está com Jesus ou contra Jesus; ou é fiel ou infiel; ou tem o coração obediente ou perdeu a fidelidade. Cada um de nós pense, hoje, durante a missa e depois durante o dia: pensar um pouco. ‘Como vai a minha fidelidade? Eu, para rejeitar o Senhor, procuro algum pretexto?’. Não perder a esperança. E essas duas palavras– ‘a fé morreu’ e ‘quem não está comigo, está contra mim’ – ainda deixam espaço para a esperança, inclusive a nós”, refletiu Francisco.
O Papa conclui a homilia recordando, porém, que todos são chamados a regressar ao Senhor, como exorta a fazer a Aclamação ao Evangelho: “‘Voltai a mim de todo coração’, diz o Senhor, porque sou misericordioso e piedoso. Sim, o seu coração é duro como esta pedra, tantas vezes você me descreditou para não me obedecer, mas ainda há tempo: ‘Voltai a mim de todo o coração’, diz o Senhor, porque eu sou misericordioso e piedoso: esquecerei tudo. A mim importa que você venha. Isso é o que importa, diz o Senhor. E esquece todo o resto. Este é tempo da misericórdia, da piedade do Senhor: abramos o coração para que Ele venha a nós”.