Em mensagem, Papa afirma que é preciso considerar o migrante, não como ameaça, mas como alguém que pode contribuir com a sociedade
Da redação, com Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes da 2º Diálogo Santa Sé e México sobre a Migração Internacional. O encontro acontece nesta quinta-feira, 14, na Casina Pio IV, no Vaticano.
No texto, lido pelo secretário para as Relações com os Estados, Dom Paul Richard Gallagher, o Santo Padre recorda que a conferência acontece no 25º aniversário do restabelecimento das relações diplomáticas entre México e a Santa Sé.
“É, portanto, uma oportunidade para fortalecer e renovar os laços de cooperação e entendimento entre nós, a fim de continuar trabalhando juntos em favor dos necessitados e marginalizados de nossa sociedade”, afirmou.
Francisco recorda que a comunidade internacional está envolvida em dois processos que levarão à adoção de acordos globais, um sobre refugiados e outro sobre a migração segura, ordenada e regular. O Santo Padre encoraja esse trabalho, a fim de que tenha os valores da justiça, solidariedade e compaixão.
“É necessário uma mudança de mentalidade: deixar de considerar o outro como uma ameaça à nossa comodidade e passar a estimá-lo como alguém que, com a sua experiência de vida e os seus valores, pode nos dar muito e contribuir à riqueza da nossa sociedade. Por isso, o comportamento fundamental é o de sair ao encontro do outro, para acolhê-lo, conhecê-lo e reconhecê-lo”, enfatizou.
Fenômeno da migração
O Pontífice explica que para enfrentar e dar respostas ao atual fenômeno da migração é necessária a ajuda da Comunidade Internacional, em todas as etapas da migração, desde o país de origem até o seu destino, como também facilitando o retorno e o trânsito migratório.
“Em cada uma dessas etapas, o migrante é vulnerável, se sente só e isolado. Tomar consciência disso é fundamental para dar uma resposta concreta e digna a este desafio humanitário”, afirmou o Papa.
Por fim, o Santo Padre destaca que “na questão migratória não estão em jogo apenas ‘números’, mas ‘pessoas’, com sua história, cultura, sentimentos e anseios. “Estas pessoas, que são nossos irmãos e irmãs, precisam de proteção constante, independente do seu status migratório. Seus direitos fundamentais e sua dignidade devem ser protegidos e defendidos”.
Crianças e famílias migrantes
Francisco pede ainda uma atenção especial aos migrantes crianças, às famílias, aos que são vítimas das redes de tráfico de seres humanos e aos deslocados por causa de conflitos, desastres naturais e perseguições.
“Todos eles esperam que tenhamos a coragem de destruir o muro da ‘cumplicidade cômoda e silenciosa’, que agrava sua situação de abandono, e que coloquemos neles a nossa atenção, nossa compaixão e dedicação”.
O Papa agradece a Deus pelo trabalho e serviço prestado em prol dos migrantes, e exorta aos participantes a continuarem com seus esforços para sair ao encontro destes, que pedem a oportunidade de viver em dignidade e paz.