Na missa na Casa Santa Marta, Francisco fala dos cristãos hipócritas, que não aceitam o fermento do Espírito Santo, capaz de fazer crescer “para fora”
Da Redação, com Vatican News
Seguir em frente com o “fermento do Espírito Santo”, que conduz à herança deixada pelo Senhor. Esta foi a exortação do Papa Francisco na homilia desta sexta-feira, 19, na Casa Santa Marta.
Refletindo sobre o Evangelho de Lucas, da liturgia de hoje, o Pontífice enfatizou dois tipos de pessoas encontradas nesta passagem bíblica que crescem de formas opostas uma da outra.
Francisco observou que Jesus fala sobre o fermento “que faz levedar”, mas existe também o fermento “ruim” que “estraga”, que faz crescer “para dentro”. É o fermento dos fariseus, dos doutores da Lei daquele tempo, dos saduceus, ou seja, a hipocrisia. Trata-se de pessoas fechadas em si mesmas, que pensam em aparecer, em fazer de conta, em dar esmola e depois sair “proclamado sobre os telhados” a fim de que todos saibam. Essas pessoas se preocupam em proteger o seu egoísmo e sua segurança, frisou o Papa.
“Quando existe alguma coisa que as coloca em dificuldade, como o homem agredido e deixado quase morto pelos ladrões ou quando encontram um leproso, elas olham para o outro lado, seguindo suas leis interiores”, disse.
O Santo Padre lembrou que Jesus alerta sobre este fermento, dizendo que é perigoso, é preciso ter cuidado com ele. Trata-se da hipocrisia, algo que Jesus não tolera: o querer se aparecer bem, com formas bonitas de educação puras, mas com maus hábitos por dentro. Jesus diz também: “Por fora vocês são bonitos, como os sepulcros, mas por dentro há putrefação e destruição, existem escombros”. Este fermento faz crescer sem futuro, porque no egoísmo, no voltar-se para si mesmo, não há futuro.
O outro “fermento”
Já o outro tipo de pessoa, explicou o Papa, é aquela que tem o fermento contrário: que faz levedar para fora, faz crescer como herdeiros. Francisco recordou que, na Carta aos Efésios, São Paulo explica que “em Cristo fomos feitos também herdeiros, predestinados”. A referência é a pessoas projetadas “para fora”.
O Santo Padre explicou que se trata de pessoas que às vezes erram, mas é possível corrigir; às vezes caem, mas se levantam; às vezes pecam, mas se arrependem. Mas sempre para fora, para aquela herança, porque foi prometida. E essas pessoas são alegres, porque lhes foi prometida uma felicidade muito grande: que serão glória, louvor de Deus. Como afirma o apóstolo Paulo – acrescentou o Papa – o fermento dessas pessoas é o Espirito Santo, que impulsiona a ser louvor da glória de Deus.
Papa Francisco lembrou que Jesus quer as pessoas sempre em caminho com o fermento do Espírito Santo, que jamais faz crescer para dentro, como os hipócritas, pois o Espírito Santo de fato impulsiona para fora, para o horizonte. É assim que Jesus quer os cristãos: mesmo com dificuldades e sofrimentos, sempre avante na esperança “de encontrar a herança”, porque tem o fermento que é penhor, que é o Espírito Santo”. E concluiu a homilia resumindo os dois tipos de pessoas dos quais falou na homilia de hoje:
Uma pessoa que, guiada pelo próprio egoísmo, cresce para dentro. Tem um fermento – o egoísmo – que a faz crescer para dentro, e somente se preocupa em aparecer bem, aparecer equilibrado, bem: que não se vejam os maus hábitos que têm. São os hipócritas, e Jesus diz: “Tomai cuidado”. Os outros são os cristãos: deveríamos ser os cristãos, porque existem também os cristãos hipócritas, que não aceitam o fermento do Espírito Santo. Por isso Jesus nos adverte: “Tomai cuidado com o fermento dos fariseus”. O fermento dos cristãos é o Espírito Santo, que nos leva para fora, nos faz crescer, com todas as dificuldades do caminho, inclusive com todos os pecados, mas sempre com a esperança. O Espírito Santo é precisamente o penhor daquela esperança, daquele louvor, daquela alegria. No coração, essas pessoas que têm o Espírito Santo como fermento, são alegres, mesmo nos problemas e nas dificuldades. Os hipócritas esqueceram o que significa ser alegre.