Francisco enviou uma mensagem aos participantes de conferência focada no uso de bens confiscados da máfia em benefício da sociedade
Da redação, com Vatican News
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Papa Francisco / Foto: Vatican Media-IPA-Sipa USA via Reuters Connect
“O crime organizado ataca milhões de homens e mulheres que têm o direito de viver suas vidas e criar seus filhos com dignidade e livres da fome e do medo da violência, opressão ou injustiça”.
O Papa Francisco ofereceu esta avaliação nesta quinta-feira, 19, em uma mensagem enviada a uma conferência organizada pela associação “Libera”. O evento teve o título de “Conferência sobre o Uso Social de Ativos Confiscados da Máfia”.
Não esquecer das vítimas
“O crime organizado, que se apresenta como um grupo estruturado que se estabiliza ao longo do tempo e age conjuntamente para cometer crimes” para obter benefícios materiais ou econômicos, e que, tendo um “caráter transacional, abrange todos os grandes tráficos”, na prática “atenta contra o bem comum”, em detrimento de “milhões de homens e mulheres que têm o direito de viver a própria vida e criar os seus filhos com dignidade e livres da fome e do medo da violência, da opressão ou da injustiça”.
Além disso se aproveita das pessoas socialmente marginalizadas que são particularmente vulneráveis às suas atividades. E por isso, para o Pontífice, “não é possível nem tolerável esquecer estas vítimas” e é somente tendo-as presente que “se pode compreender os danos causados pelo crime organizado”, avaliando em que modo agir em relação aos aspectos essenciais na resolução de conflitos e encontrar soluções pacíficas.
O modelo italiano sobre a utilização dos bens confiscados do crime
“O modelo italiano é um bom exemplo de como os bens confiscados da criminalidade podem ser utilizados para reparar os danos causados às vítimas e à sociedade; de como podem servir à reconstrução do bem comum”, escreve Francisco, que também recomenda que os bens apreendidos ao crime organizado sejam destinados “à reparação e reconstrução do bem comum”, definido pela Constituição conciliar Gaudium et spes como “o conjunto de condições da vida social que permitem aos grupos e aos membros individuais alcançar a sua própria perfeição”.
Recuperar o bem de todos
Insistindo na imprescindibilidade de “uma abordagem integrada na luta contra a criminalidade” e no fortalecimento da cooperação internacional, o Papa convidam além disso, “a centrar as conversações destes dias na urgência de recuperar o bem de todas as pessoas”, porque “todos contam” e ninguém deve ser descartado, e para que prevaleça “o projeto comum, ao serviço da dignidade humana”.
Por fim, Francisco encoraja os participantes do encontro a partilharem as suas experiências e a refletirem, “sem perder de vista as vítimas e a comunidade” e a orientarem-se para a ação “compreendendo o direito e a justiça como uma prática que tem como objetivo a construção de um mundo melhor.”