Em discurso, Francisco afirmou que o futuro de todos, depende também do encontro entre as religiões e culturas
Kelen Galvan
Da redação
O primeiro discurso do Papa Francisco em sua visita ao Egito foi aos participantes da Conferência Internacional sobre a Paz, organizada pela Universidade de Al-Azhar. O Santo Padre chegou ao país na manhã desta sexta-feira, 28, para uma viagem de dois dias.
Com o título “Mensagem de amor”, a conferência reúne líderes cristãos e muçulmanos no intuito de fazer um apelo à paz entre as comunidades. Na ocasião, o Pontífice encontrou-se com o grande imã da Universidade de al-Azhar, Ahmad Al Tayeb, autoridade máxima do Islã sunita.
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Em seu discurso, o grande imã convidou os presentes a fazerem um momento de silêncio em solidariedade às vítimas do terrorismo. Em seguida, agradeceu o Pontífice por ter aceito o convite de ir ao país.
Ahmad Al Tayeb afirmou que pode-se dizer que a guerra é o maior sofrimento na história da humanidade e não sabe-se dizer o real motivo de tantas misérias. Mas destacou como causas principais o comércio de armas e a avidez da riqueza.
Segundo o imã, a religião tem um papel importante para retomar a justiça e o respeito pelos outros. “Nenhuma religião encoraja a guerra”, afirmou referindo-se aos que buscam viver de fato a verdadeira religião, que não é a do terrorismo.
Na sequência, Papa Francisco discursou destacando o valor da sabedoria que procura o outro, supera o fechamento, que sabe valorizar o passado e pô-lo em diálogo com o presente. “Esta sabedoria prepara um futuro, em que se visa prevalecer não a própria parte, mas os outros como parte de si mesmo”.
Para o Santo Padre, precisamente no campo do diálogo, as pessoas são chamadas a caminhar juntas, na convicção que o futuro de todos, depende também do encontro entre as religiões e culturas.
O Pontífice destacou ainda que há três diretrizes fundamentais, que podem ajudar o diálogo entre as religiões: o dever da identidade, a coragem da autoridade (porque o outro, em suas diferenças, não deve ser visto como inimigo, mas companheiro de viagem), e a sinceridade das intenções.
“Vivemos sob o sol de um único Deus misericordioso, assim podemos chamar-nos de irmãos e irmãs (…) que se levante o sol de uma verdadeira fraternidade em nome de Deus e surja desta terra, mediada pelo sol, o alvorecer de uma civilização da paz e do encontro”, afirmou.
Em maio de 2016, o Papa Francisco recebeu o imã Ahmed al-Tayeb no Vaticano. Um gesto de retomada do diálogo inter-religioso, depois que, em 2011, a universidade de al-Azhar decidiu interromper as relações com a Santa Sé após declarações de Bento XVI afirmando que os cristãos no Oriente Médio eram perseguidos pelos muçulmanos.
Ainda hoje, Francisco irá participar de uma audiência com autoridades e, mais tarde, terá o esperado encontro com o Patriarca Tawadros II, líder dos cristãos coptas do Egito.
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