Catequese

Papa: não nos deixemos vencer pelos momentos de desolação

Na catequese de hoje, Papa fez uma reflexão sobre a desolação no contexto do processo de discernimento

Jéssica Marçal
Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco fala aos fiéis sobre a desolação / Foto: REUTERS/Remo Casilli

A experiência da desolação faz parte do discernimento e é um ponto de atenção que pode trazer uma mudança de vida. Na catequese desta quarta-feira, 26, dentro do ciclo de reflexões sobre o discernimento, o Papa Francisco se dedicou à desolação, refletindo sobre os momentos de tristeza da vida.

Leia na íntegra
.: Texto completo da catequese do Papa 

Francisco apresentou aos fiéis a definição de desolação dada por Santo Inácio de Loyola nos exercícios espirituais: “Obscuridade da alma, perturbação interior, impulso para coisas baixas e terrenas, inquietação devida a várias agitações e tentações: assim a alma inclina-se para a desconfiança, fica sem esperança e sem amor, torna-se indolente, tíbia, triste e como que separada do seu Criador e Senhor”(n. 317).

Segundo o Papa, todos passam por esta experiência, a questão é como lê-la. Ninguém gostaria de se sentir desolado, observou Francisco, mas uma vida sempre alegre não é possível e nem seria bom. O remorso por algo que se fez pode ser ocasião para mudar de vida. “Deus toca o coração e vem-te algo dentro, a tristeza, o remorso por alguma coisa, e é um convite a iniciar um caminho. O homem de Deus sabe observar profundamente o que se move no coração”.

Aprender a entender a tristeza

O Papa frisou aos fiéis a importância de saber compreender o que a tristeza significa para cada um. Atualmente, a tristeza é vista, sobretudo, como algo negativo, a se evitar, mas pode ser um sinal indispensável de alarme para a vida. “Seria muito mais grave e perigoso não ter este sentimento e ir em frente. A tristeza às vezes age como semáforo: “Pare, pare! Está vermelho aqui. Pare”.

Por outro lado, a tristeza também pode ser um obstáculo para desencorajar quem deseja fazer o bem, observou o Pontífice. Ele lembrou que o caminho para o bem, como diz o Evangelho, é estreito, requer um combate. “Começo a rezar ou dedico-me a uma boa obra e, é estranho, precisamente nesse momento vêm-me à mente coisas urgentes a fazer – para não rezar e não fazer as coisas boas. Todos temos esta experiência. Para quem quer servir o Senhor, é importante não se deixar enganar pela desolação.”

Francisco lembrou que muitas pessoas decidem abandonar a vida de oração ou o casamento, ou a vida religiosa com base em um momento de desolação. Mas primeiro é preciso fazer uma pausa, considerar o estado de espírito. “Uma regra sábia diz para não fazer mudanças quando se está desolado. O tempo seguinte, e não o humor do momento, mostrará a bondade ou não das nossas escolhas.”

Concluindo a catequese, o Papa advertiu que, para seguir pelo bom caminho, é preciso estar preparado para as tentações, para os momentos de tristeza, mas não se deixar levar por eles. “Não permaneçamos vencidos por um momento de tristeza, de desolação: vamos em frente! Que o Senhor vos abençoe neste caminho – corajoso! – da vida espiritual, que é sempre caminhar”.

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