Ultreya do MCC

Papa: não "eternizar" os cargos nos movimentos, ninguém é indispensável

Francisco recebeu os membros do Movimento de Cursilhos de Cristandade na Itália; eles participam da VII Ultreya em Roma

Da redação, com Vatican News

Foto: Daniel Ibanez – CNA

Nunca se isolar, nunca se fechar, nunca “eternizar” os cargos e, sobretudo, fazer comunidade buscando a harmonia e a unidade, quer internamente no movimento como externamente nos locais em que se está inserido. O Papa Francisco insiste no conceito de “comunhão” e “serviço” em seu discurso aos membros do Movimento de Cursilhos de Cristandade da Itália, recebidos na Sala Paulo VI no final da manhã deste sábado, 28, por ocasião da VII Ultreya nacional em Roma. Trata-se de um encontro que para os cerca de 2.400 participantes representa um momento de encontro, testemunho e oração, que – como o próprio nome sugere, tirado da antiga saudação dos peregrinos de Santiago de Compostela – os exorta a ir “mais além”, a “ir além”.

Não se trata de reuniões de organização, não é o ‘conselho administrativo’ de uma empresa, mas encontros fraternos para redescobrir as motivações e o impulso de fé que todos vocês experimentaram desde o primeiro cursilho em que participaram e que deu uma virada em suas vidas.

Não “eternizar” os cargos

Precisamente refletindo sobre “ir além”, o Papa, deixando de lado o discurso escrito, pede aos membros dos Cursilhos que estejam sempre em movimento: “Movimento pela unidade interna e movimento para evangelizar”. Estar em movimento concretamente significa “viver o serviço do anúncio e do testemunho cristão”. Uma tarefa que diz respeito também aos encarregados ou responsáveis ​​de cada país ou de todo o movimento.

O Pontífice, sempre de improviso, adverte contra uma “coisa ruim” que é “eternizar os cargos”, ou seja, que é sempre o mesmo ou a mesma.” “Por favor, não!”, diz ele.

“Todos são bons, mas nem todos são indispensáveis. Não somos indispensáveis. Eu termino essa tarefa de coordenador ou coordenadora, não sei como se chama entre vocês, quer do grupo, quer dos países ou geral, vou para casa, ou seja, entro em grupos como qualquer um, qualquer um. ‘Não, mas eu fiz isso, agora comporta…’. Não comporta nada, cabe a ti ires para casa!”.

Renovação, trabalho para continuar a viver

Esta “renovação contra as ambições pessoais” que “o diabo faz mover”, alerta o Santo Padre. “É um trabalho para continuar a viver. Porque tantos movimentos morreram nas mãos de um ou de um único líder. Temos experiência disso na Igreja. Assim, renovar o serviço da autoridade, por assim dizer, renovando-o: ninguém é eterno na autoridade”.

“Sempre em caminho, nunca estáticos, em caminho, sempre prontos a ‘irem além’, para a comunhão e para a missão, e sempre a serviço, não galgadores de posições”, recomenda o Papa.

Para além de uma visão horizontal e materialista da vida

O convite é superar “uma visão meramente horizontal, terrena e materialista da vida, para redescobrir cada vez o novo olhar que a fé em Cristo nos deu sobre tudo: sobre nós mesmos, sobre o mundo, sobre o sentido da existência”.

De fato, é fácil – por preguiça, inércia, timidez – perder o olhar da fé e conformar-se à mentalidade do mundo, que extingue todo zelo e todo desejo de permanecer fiel ao Senhor e levá-lo aos outros, sublinha Francisco

Comunhão

O Pontífice oferece aos membros do movimento, iniciado na Espanha, as orientações a seguir em seu caminho: comunhão e missão. “Ir em direção à comunhão”, exorta. “Trata-se de ir além de si mesmo e do próprio grupo para formar comunidade e crescer na Igreja, que é sempre um corpo e nunca desligados, separados”.

Nunca se isolar e nunca se fechar! Sempre preservar e aumentar os vínculos vitais com os lugares de comunhão em que estamos inseridos.

A unidade não se baseia no carisma de um indivíduo

O Papa fala de três níveis. O primeiro é “fazer comunidade com outros grupos, em nível regional e nacional”, para enriquecer-se com experiências e perspectivas e para “compreender melhor a situação eclesial e social em que estão imersos”.

O segundo nível, diz o Pontífice, é “formar comunidade com todo o movimento de Cursilhos”, preservando – e esse é um “grande desafio” – um espírito de “caridade e unidade”, na consciência “de que o carisma fundador do vosso movimento é o que vos foi transmitido pelos iniciadores e pela primeira geração e pelo qual todos vós sois igualmente responsáveis”.

A unidade não se baseia no carisma de um único indivíduo ou na “linha” espiritual de alguma “corrente”. Não, a unidade se funda na herança espiritual aceita por todos, vivida e compartilhada por todos, compreendida por todos e confiada a todos.

Harmonia

O Santo Padre olha para o encontro da Organização Mundial de Cursilhos de Cristandade, que contará com a participação de líderes de todos os continentes. Os votos é que o encontro “seja vivido como um evento sinodal de escuta e discernimento comum entre os responsáveis, que dê espaço a todos, que acolha as diferentes sensibilidades e visões, para criar harmonia espiritual em seu interior”.

“Harmonia de identidade, de apostolado, de governo, para que possais ser e mostrar-vos aos outros como irmãos que atuam em unidade”.

Fazer comunidade com a Igreja

Por fim, o terceiro nível “ainda mais amplo” indicado pelo Papa é o de “formar comunidade com a Igreja”. Em termos concretos, significa “proximidade e escuta dos pastores” e “participação nas iniciativas pastorais das Igrejas locais em que viveis”. “Seus grupos e todo o seu Movimento, de fato, não estão ‘ao lado’ da Igreja, mas também fazem parte da Igreja que vive naquele território. Portanto, sois chamados a identificar-vos plenamente com os sentimentos e as ações da Igreja”, especifica.

Quanto à missão, segunda direção fundamental de toda ultreya, Francisco fala de um desafio que é o de “formar comunidades de discípulos missionários que vão ao encontro dos que estão longe, superando o critério de que ‘sempre se fez assim’ que não é um critério cristão”.

“Vós – diz aos Cursilhistas – tendes um carisma particular, que vos levou a redescobrir e a saber anunciar de forma simples e direta o essencial da experiência cristã, ou seja, o amor de Deus por cada homem e mulher. E sabeis transmitir este anúncio dentro dos laços de amizade e proximidade que estabeleceis, sem forçar, com as muitas pessoas que encontrais, mesmo aquelas com personalidades mais fortes e que parecem quase indiferentes ou mesmo hostis à fé”. O encorajamento é, portanto, deixar-se “animar por este carisma” para experimentar “a doce alegria de evangelizar em todos os âmbitos da vida, privada e pública”.

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