Francisco alertou ao grupo de jovens empresários e trabalhadores que partem para a segunda fase do projeto internacional “O futuro do trabalho após a Laudato si” para enfrentar a crise global
Da Redação, Vatican News
Antes da Audiência Geral desta quarta-feira, 8, o Papa Francisco recebeu um grupo de jovens empresários e trabalhadores liderados pelo prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny.
A delegação está empenhada na segunda fase do projeto internacional “O futuro do trabalho após a Laudato si'” (The future of work – Labour after Laudato si’) para enfrentar a atual crise global, que se propõe em contribuir – junto com as empresas – de repensar o trabalho dentro do quadro de referência da ecologia integral proposto pelo próprio Pontífice.
Em discurso, Francisco agradeceu os parceiros do projeto que foi elaborado em 2016, mas entrou em fase operativa em 2018. A Organização Internacional do Trabalho, as Conferências Episcopais, as Congregações religiosas, as organizações católicas e de outras confissões, além de sindicatos e outros grupos de base da sociedade civil, encorajados pelos superiores do próprio Dicastério e coordenados pela Comissão Católica Internacional.
“Obrigado, muito obrigado”, enalteceu o Papa, pelas atividades desenvolvidas nesses 6 anos, “propondo modelos inovadores de ação para um trabalho equitativo, justo, digno para todas as pessoas do mundo”.
Para esta segunda fase, como explicou o Pontífice, o projeto vai se concentrar sobre o tema “O cuidado é trabalho, o trabalho é cuidado”. Para construir uma comunidade transformadora global. Uma oportunidade para tanto identificar as potencialidades como para reconhecer antecipadamente os males sistêmicos que podem se tornar pragas sociais. Para esse estudo, o grupo vai se preocupar em analisar 5 questões que foram lembradas pelo Papa.
As 5 temáticas para cuidar do trabalho
Francisco voltou a lembrar o que já escreveu na Encíclica Laudato si’, sobre as graves consequências geradas pela exportação de matérias-primas que visam satisfazer os mercados do Norte industrializado, como a poluição por mercúrio ou dióxido de enxofre nas minas.
“É fundamental que as condições do trabalho estejam vinculadas aos impactos ambientais, prestando muita atenção aos possíveis efeitos em termos de saúde física e mental das pessoas envolvidas, bem como de segurança”, disse.
Um segundo tema é o trabalho digno e a segurança alimentar, sobretudo porque os números de pessoas sofrendo com altos níveis de insegurança alimentar aguda tem aumentado: só em 2023 foram mais de 280 milhões de pessoas em 59 países, “exigindo um auxílio assistencial urgente”, comentou o Papa, ao acrescentar:
“Os desastres naturais e as condições meteorológicas extremas, agora intensificadas pelas mudanças climáticas, além dos choques econômicos, são outros fatores importantes que determinam a insegurança alimentar que, por sua vez, estão ligados a algumas vulnerabilidades estruturais, como a pobreza, a alta dependência de importações de produtos alimentícios e a infraestrutura precária”, concluiu.