Francisco quis rezar pelas vítimas de um recente naufrágio na região italiana
Rádio Vaticano
O Papa Francisco iniciou, na manhã desta segunda-feira, 8, sua primeira visita em território italiano, que o levou a Lampedusa: uma ilha que faz fronteira entre a África e a Itália.
A idéia de visitar a ilha de Lampedusa nasceu por causa dos contínuos desembarques e naufrágios de migrantes, sobretudo provenientes da África. Tocado por esta série de tragédias, o Santo Padre, decidiu fazer uma visita à comunidade paroquial e aos imigrantes sobreviventes, para com eles rezar e dar-lhes coragem de superar com dignidade a dramática situação.
O Papa deixou a Casa Santa Marta, onde reside no Vaticano, às 7h20, hora local e às 8 hs do aeroporto romano de Ciampino. Após uma hora e quinze minutos de vôo, chegou ao aeroporto de Lampedusa, onde foi acolhido pelo Arcebispo de Agrigento, Dom Francesco Montenegro e pela prefeita da cidade, Giuseppina Nicolini.
A recepção foi cordial, mas sem discursos e singela, segundo o desejo do próprio Papa. Do aeroporto, partiu de carro até a enseada Cala Pisana, de onde embarcou, com a fragata da marinha italiana, ao Porto de Lampedusa, acompanhado de cerca de cem pequenos barcos de pescadores. Durante o breve trajeto, Papa Francisco lançou uma coroa de flores em homenagem às vítimas dos naufrágios.
Às 9h30, o barco do Papa chegou ao Porto de Lampedusa, em Punta Favarolo, onde foi acolhido por um grupo de jovens imigrantes. Um deles fez uma breve saudação ao Papa, em árabe, em nome dos presentes, dizendo:
“Agradecemos pela sua presença entre nós e esperamos que o senhor possa resolver nosso problema. Fugimos do nosso país, por dois motivos: político e econômico. Passamos por muitos obstáculos e fomos seqüestrados por traficantes até chegar aqui. Esperemos que outros países Europeus também nos ajudem”.
O Papa agradeceu os imigrantes e pediu para rezar, com ele, uns pelos outros. A seguir, o Pontífice se dirigiu, com um jipinho local, ao campo esportivo vizinho, chamado Arena, na localidade Salina, para a celebração da Santa Missa.
Durante a celebração Eucarística, o Santo Padre utilizou um báculo pastoral, em forma de cruz, feito com a madeira das embarcações naufragadas dos imigrantes. No braço horizontal da cruz, estão cunhados dois peixes; e no vertical, cinco pães, recordando a passagem evangélica da multiplicação dos pães: “Dai-lhes, vós mesmos, de comer”.
Nestas palavras, podemos reler o gesto significativo da partilha, a partir daquele pouco que a comunidade de Lampedusa dispõe, colocado à disposição nos momentos mais difíceis da acolhida dos irmãos imigrantes. A incisão do coração, de cor vermelha, entre os dois braços da cruz do báculo pastoral, significa a caridade, que deve estar sempre ao centro da assistência dos refugiados da comunidade cristã.
Outro objeto utilizado na Missa foi o Cálice de madeira, com revestimento interno em prata, segundo as normas litúrgicas. À base do cálice foi colocado um cravo transversal, que relembra a Paixão de Cristo. A madeira também foi extraída de embarcações dos naufrágios de imigrantes.
Tanto o báculo pastoral como o cálice são obra de um artesão da ilha de Lampedusa, que tanto trabalhou, sobretudo nos dias de maior emergência, para socorrer os irmãos refugiados.
O ponto alto da visita do Papa Francisco a Lampedusa foi a celebração Eucarística, no campo esportivo de Arena. O formulário da Missa é o da “remissão dos pecados, pelas necessidades particulares, previsto pelo Missal Romano.