Francisco deixou o Vaticano nesta segunda-feira rumo à Suécia, 17ª viagem de seu pontificado e última de 2016
Da Redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco inicia nesta segunda-feira, 31, uma visita histórica à Suécia, para participar do início das celebrações ecumênicas pelos 500 anos da Reforma Protestante. A viagem também comemora os 50 anos do diálogo entre as duas Confissões e tem por lema “Do Conflito à Comunhão, juntos na esperança”.
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O avião papal saiu de Roma por volta de 5h30 (horário de Brasília) e deve chegar a Malmo, na Suécia, às 8h, após quase 3 horas de voo. Esta é a 17ª viagem apostólica de Francisco e a última que ele realiza nesse ano de 2016.
Uma “surpresa” ter aceito o convite, declarou em uma coletiva de imprensa neste domingo, 30, Dom Anders Arborelius, Bispo de Estocolmo e, “uma decisão corajosa do Papa”, afirmou em recente entrevista o Reverendo Martin Junge, Secretário da Federação Luterana Mundial.
Gratidão, penitência, esperança, três palavras que bem ilustram este evento histórico. Gratidão pelo intenso diálogo registrado nos últimos 50 anos; penitência, arrependimento, pelas feridas, violências, mal-entendidos provocados por ambas as partes: com a Reforma, guerras brutais de religião ensanguentaram a Europa nos séculos XVI e XVI. Por fim, esperança de que o trabalho rumo à unidade não pare e avance rumo à unidade.
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Francisco não vai à Suécia para celebrar a divisão, mas para demonstrar a vontade de união, que significa superar uma mentalidade baseada no confronto. Francisco vai à Suécia não para fazer memória a um acontecimento que trouxe tanto sofrimento ao corpo de Cristo, mas para, com o seu gesto, propor um futuro de alegria, de comunhão e união naquilo que é compartilhável.
O Papa insiste no ecumenismo de sangue, no ecumenismo da oração, no ecumenismo do encontro, no ecumenismo do trabalho em favor dos pobres, marginalizados, refugiados, pontos que oferecem uma base comum de encontro. As questões teológicas, como bem reconhece, por vezes são as mais difíceis de serem resolvidas, mas o encontro, deve precedê-las. Por isto Francisco vai à Lund, para mostrar a sua proximidade, como declarou em recente entrevista: “a distância nos faz adoecer”, afirmou. “Precisamos aprender a transcender a nós mesmos para encontrar os outros”.
A presença do Papa nas celebrações adquire um significado especial não somente dentro do mundo luterano e católico, mas os transcende. O evento é um dos frutos visíveis dos 50 anos de diálogo entre católicos e luteranos, que tiveram como marco a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação de 1999 e o Documento “Do Conflito à Comunhão” de 2013. Neste sentido, a presença do Papa em Lund é fruto deste diálogo iniciado oficialmente em 1967, com o Concílio Vaticano II, é fruto de um caminho já percorrido.
Se há alguns anos parecia impossível um consenso entre católicos e luteranos sobre a Justificação, este impossível aconteceu. Da mesma forma, celebrar conjuntamente a Reforma era algo impensável até há poucos anos e este impossível acontece agora. O diálogo constante, com o aumento da confiança e a remoção de obstáculos doutrinais, tornou os tempos maduros para passos mais corajosos. Neste sentido, esta celebração conjunta lança um olhar para o futuro, com um testemunho cristão comum corajoso nos dias de hoje, tão dilacerado por conflitos e divisões.
De Malmö, na Suécia, Jackson Erpen