Neste seu segundo dia de viagem apostólica, o Santo Padre celebrou a eucaristia no Santuário de Șumuleu Ciuc
Da redação, com Vatican News
Na manhã deste sábado, 1º, o Santo Padre deixou a capital Bucareste de avião, em direção ao aeroporto de Bacău. Dali, o Pontífice embarcou num helicóptero rumo à Base Aérea de Miercurea-Ciuc, capital do distrito de Harghita. Trata-se de uma pequena cidade localizada a leste da Transilvânia, entre os grupos montanhosos dos Cárpatos Orientais às margens do Rio Olt, um dos rios mais importantes da Romênia.
A seguir, o Papa foi de carro ao Santuário de Șumuleu Ciuc onde celebrou a Eucaristia. O santuário está circundado pela natureza. É meta histórica de peregrinação para os católicos húngaros que vivem na Romênia e de outros países. A origem do Santuário, que tem o título de “basílica menor”, começa na metade do século XVI e está ligada à fidelidade dos habitantes dessa área ao catolicismo, quando a Transilvânia abraçou a Reforma Protestante. O Santuário atual é em estilo barroco e foi finalizado entre 1802 a 1824. Dentro dele encontra-se a imagem preciosa de Nossa Senhora feita de madeira de tília, realizada entre 1515 e 1520, que sobreviveu ao incêndio de 1661.
Os santuários guardam a memória do povo fiel
“Com alegria e gratidão a Deus, encontro-me hoje com vocês, amados irmãos e irmãs, neste querido santuário mariano, rico de história e fé, tendo vindo aqui, como filhos, para encontrar a nossa Mãe e reconhecer-nos como irmãos”, disse Francisco no início de sua homilia na missa celebrada no Santuário de Șumuleu Ciuc que contou com a participação de cerca de 80 a 100 mil pessoas. Participaram também a primeira-ministra romena, Viorica Dăncilă, e como simples peregrino, o presidente da Hungria, János Áder.
“Os santuários, lugares quase «sacramentais» duma Igreja-hospital-de-campo, guardam a memória do povo fiel, que, no meio de suas tribulações não se cansa de procurar a fonte de água viva onde avivar a esperança. São lugares de festa e celebração, de lágrimas e súplicas. Vimos aos pés da Mãe, sem muitas palavras, a fim de nos deixarmos olhar por Ela e para que, com o seu olhar, nos conduza Àquele que é «o Caminho, a Verdade e a Vida».”
“Não o fazemos de qualquer modo; somos peregrinos”, frisou o Papa, ressaltando que os fiéis vão em peregrinação todos os anos, “no sábado de Pentecostes”, para honrar o voto que fizeram os seus “antepassados e fortalecer a fé em Deus e a devoção a Nossa Senhora”, representada na estátua de madeira de tília.
Peregrinar significa sentir-se impelidos a caminhar juntos
“Esta peregrinação anual pertence à herança da Transilvânia, mas honra conjuntamente as tradições religiosas romena e húngara; e participam nela também os fiéis de outras confissões, sendo um símbolo de diálogo, unidade e fraternidade; um apelo a recuperar os testemunhos de fé que se tornou vida e de vida que se tornou esperança. Peregrinar é saber que vimos como povo à nossa casa. Um povo, cuja riqueza são os seus mil rostos, culturas, línguas e tradições; o santo Povo fiel de Deus que, com Maria, caminha peregrino cantando a misericórdia do Senhor.”
Francisco ressaltou que “se, em Caná da Galileia, Maria intercedeu junto de Jesus para que realizasse o primeiro milagre, em cada santuário, vela e intercede não só diante do seu Filho, mas também diante de cada um de nós, para não deixarmos que nos seja roubada a fraternidade pelas vozes e as feridas que alimentam a divisão e a fragmentação”.
“As complexas e tristes vicissitudes do passado não devem ser esquecidas nem negadas, mas também não podem constituir um obstáculo ou um argumento para impedir a desejada convivência fraterna. Peregrinar significa sentir-se chamados e impelidos a caminhar juntos, pedindo ao Senhor a graça de transformar rancores e desconfianças, antigos e atuais, em novas oportunidades de comunhão; significa desligar-se das nossas seguranças e comodidades e partir à procura duma nova terra que o Senhor nos quer dar”.
Compromisso de lutar
O Papa disse ainda que “peregrinar é um desafio a descobrir e transmitir o espírito de viver juntos, de não ter medo de se misturar, de nos encontrarmos e ajudarmos. Peregrinar significa participar daquela maré um pouco caótica que pode se transformar numa verdadeira experiência de fraternidade, caravana sempre solidária para construir a história”.
“Peregrinar é ver não tanto aquilo que poderia ter sido (e não foi), como sobretudo aquilo que nos espera e não podemos adiar mais. Significa crer no Senhor que vem e está no meio de nós promovendo e estimulando a solidariedade, a fraternidade, o desejo de bem, verdade e justiça. É o compromisso de lutar para que, quantos ontem tinham ficado para trás, se tornem os protagonistas do amanhã, e os protagonistas de hoje não sejam deixados para trás amanhã. E isto requer o trabalho artesanal de tecer juntos o futuro. Eis o motivo por que estamos aqui! Para dizer juntos: Mãe, nos ensina a esboçar o futuro.”
Voltar o olhar para Maria
Francisco sublinhou que “peregrinar a este santuário nos faz voltar o olhar para Maria e para o mistério da sua eleição por Deus. Ela, uma jovem de Nazaré, pequena localidade da Galileia, na periferia do Império Romano e também na periferia de Israel, com o seu «sim», foi capaz de dar início à revolução da ternura. O mistério da sua eleição por parte de Deus, que pousa os seus olhos sobre o fraco para confundir os fortes, nos impele e nos encoraja também a dizer «sim», como Ela, para percorrer as sendas da reconciliação.”
“A quem arrisca, o Senhor não decepciona. Caminhemos, e caminhemos juntos, deixando que o Evangelho seja o fermento capaz de impregnar tudo e dar aos nossos povos a alegria da salvação”, concluiu o Papa.
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