“Há uma conversão a ser feita, converter o poder com a lógica do domínio, em poder com a lógica do serviço, com a lógica do cuidado”, Papa Francisco no encontro com as mulheres do centro Italiano Feminino.
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu um grupo do Centro Italiano Feminino, na manhã desta quinta-feira (24). O centro se dedica desde 1944 à contribuição da mulher na promoção humana, na participação democrática, e de solidariedade da sociedade.
O sumo pontífice iniciou seu discurso fazendo um elogio ao tema do Congresso do Centro Feminino: “Identidade criacional do homem e da mulher em uma missão partilhada”, e afirmou: “Esta é uma questão muito atual, não só e não tanto no sentido teórico, mas no sentido existencial, na vida das pessoas; penso particularmente nos meninos e nas meninas, nos jovens e nas jovens que, à medida que crescem, precisam de pontos de referência, figuras adultas com as quais se comparar”.
Mulheres que influenciam mudanças
No início da reflexão Francisco recordou que a primeira presidente do Centro Feminino, Maria Federici Agabem, teve participação na redação de alguns artigos da Constituição Italiana, influenciando com a sua “filosofia” constitucional temas relacionados à solidariedade, subsidiariedade e laicidade do Estado. Também disse, fazendo memória à Pio XII, que a participação na vida política “não responde simplesmente à reivindicação da plena cidadania para as mulheres, mas é um ato de justiça para com a comunidade e uma valorização da política como forma de caridade”.
“Queridas amigas, disse o Papa, hoje é claro que a boa política não pode vir da cultura do poder entendida como domínio total, mas apenas de uma cultura do cuidado, cuidado com a pessoa e sua dignidade e cuidado da nossa casa comum. Isto é comprovado, infelizmente de forma negativa, pela guerra vergonhosa que estamos testemunhando”.
Papa o Santo Padre o problema básico é o mesmo, o mundo continua a ser governado como um ‘tabuleiro de xadrez’, onde os poderosos conspiram para estender seu domínio em detrimento de outros. “A verdadeira resposta, portanto, não é mais armas, mais sanções, mais alianças políticas e militares, mas uma abordagem diferente, uma maneira diferente de governar o mundo. O modelo da cura já está em vigor, graças a Deus, mas infelizmente está submetido ao do poder econômico-tecnocrático-militar”
Protagonistas da conversão
Ao discorrer suas palavras o Papa disse: “Por que fiz esta reflexão com vocês? Porque vocês são uma associação de mulheres, e as mulheres são as protagonistas desta mudança de rumo, desta conversão. Desde que não sejam homologadas pelo sistema de poder em vigor”. O papa também trouxe Paulo VI no seu documento dedicado às mulheres no final do Vaticano II quando afirmou que ‘as mulheres que carregam o espírito do Evangelho podem fazer muito para ajudar a humanidade a não decair’. O Papa ainda afirmou: “O poder profético desta expressão é impressionante. De fato, ao adquirirem poder na sociedade, as mulheres podem mudar o sistema, se elas conseguirem, por assim dizer, converter o poder da lógica do domínio para a lógica do serviço, do cuidado.”
Mulheres que cultivam a vida
O Sumo pontífice disse que falou com as mulheres sobre este assunto para lembrar a si mesmo e a todos começando pelos cristãos, que esta mudança de mentalidade diz respeito a todos, e depende de cada um.
“Falei com vocês sobre isso para lembrar a mim mesmo e a todos, começando por nós cristãos, que esta mudança de mentalidade diz respeito a todos e depende de cada um. É a escola de Jesus, que nos ensinou como o Reino de Deus sempre se desenvolve a partir da pequena semente. É a escola dos santos e das santas de todos os tempos, que fazem a humanidade crescer através do testemunho de uma vida passada ao serviço de Deus e do próximo. Mas é também, eu diria acima de tudo, a escola de inúmeras mulheres que cultivaram e cuidaram a vida; de mulheres que cuidaram dos frágeis, dos feridos, das chagas humanas e sociais; de mulheres que dedicaram suas mentes e seus corações para educar as novas gerações”, concluiu Francisco.