Pela primeira vez, um líder da Igreja Copta Ortodoxa participa do tradicional momento; amizade entre católicos romanos e coptas é celebrada pelos dois líderes
Da redação, com Vatican News
A audiência geral desta quarta-feira, 10, foi marcada por vários momentos e fatos históricos. Participaram do evento o Papa Francisco e o Patriarca da Igreja Copta-Ortodoxa do Egito, Tawadros II, acompanhados por uma delegação de bispos católicos romanos e coptas. Juntos, os dois líderes falaram e abençoaram o povo reunido na Praça de São Pedro.
O encontro do Papa e do Patriarca foi motivado pelo 50º aniversário do encontro entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Shenouda III, o primeiro da história. Eles se reuniram entre os dias 9 e 13 de maio de 1973, e precisamente no dia 10, há exatos 50 anos, assinaram uma declaração comum.
Também por ocasião deste encontro, Francisco e Tawadros II estiveram juntos pela primeira vez em 10 de maio de 2013, quando ambos recém haviam sido eleitos para liderar suas Igrejas. Naquela data, foi firmado o Dia da Amizade Copto-Católica, celebrado anualmente pelas Igrejas e pelos dois líderes, que costumam se falar por telefone para renová-lo todos os anos.
A audiência geral
Na Praça São Pedro, o Papa Francisco e o Patriarca Tawadros II realizaram a audiência geral juntos. O primeiro a falar foi o líder copta, que felicitou o Bispo de Roma pelos 10 anos de seu pontificado. “Aprecio tudo o que você fez durante este tempo de serviço ao mundo inteiro em todas as áreas, e rezo para que Cristo o mantenha com boa saúde e o abençoe com uma vida longa”, afirmou.
Tawadros II recordou sua primeira visita à Roma, em 2013, e o afeto com o qual foi recebido. Ao citar o Dia da Amizade Copto-Católica, referiu-se a ele como “Dia do Amor Fraterno”, e citou que nele se encarna o espírito cristão e o amor que une as duas Igrejas no serviço a Deus e à humanidade.
“Escolhemos o amor, mesmo indo contracorrente em relação ao mundo ganancioso e egoísta; aceitamos o desafio do amor que Cristo nos pede e seremos verdadeiros cristãos, e o mundo se tornará mais humano, porque o mundo inteiro saberá que Deus é amor e que este é o seu nome supremo”, declarou o Patriarca.
O líder copta também falou como é justamente este amor de Cristo que, apesar de suas raízes diferentes, une as crenças, habitando nos fiéis. Após falar sobre a Igreja Copta, Tawadros II recordou a promessa de Deus aos anjos da Filadélfia: “Colocarei o vencedor como coluna no templo do meu Deus, do qual nunca mais sairá” (cf. Ap 3,12).
“Peço a todos vocês de ter fé nesta promessa, para vencer o mal do mundo, com todas as suas fraquezas como nossos pais nos ensinaram, e viver à altura da responsabilidade que temos, e viver como o doce perfume de Cristo neste mundo e reunir-nos por Sua paz”, exortou o Patriarca, concluindo seu discurso.
“Que se aproxime o dia em que seremos um só”
O Papa Francisco, ao iniciar seu discurso, manifestou sua alegria em receber o Patriarca Copta e sua delegação. Recordou o encontro entre Paulo VI e Shenouda III em 1973, e falou sobre a primeira vez em que esteve junto com Tawadros II há dez anos. O Santo Padre agradeceu ao religioso pelo empenho “na crescente amizade entre a Igreja Ortodoxa Copta e a Igreja Católica”.
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Na sequência, Francisco rogou a Deus, juntamente com todos, “por intercessão dos Santos e Mártires da Igreja copta, a fim de que nos ajude a crescer na comunhão, num único e santo vínculo de fé, de esperança e de amor cristão”.
Ele finalizou sua breve fala pedindo à multidão que rezasse a Deus para abençoar a visita de Tawadros II e toda a Igreja Copta Ortodoxa. “Possa esta visita aproximar-nos mais rapidamente do dia abençoado em que seremos um só em Cristo”, concluiu.
A audiência geral prosseguiu com as tradicionais saudações aos fiéis em diferentes idiomas. Depois, todos se reuniram para uma foto em grupo, e o evento foi encerrado. Nesta quinta-feira, 11, Francisco e Tawadros II voltam a se encontrar, em audiência privada. Por fim, no domingo, 14, o Patriarca copta celebrará uma Liturgia Eucarística na Basílica Papal de São João de Latrão, fato inédito na história, antes de retornar ao Egito.