Em um evento histórico no Vaticano, cristãos, judeus e muçulmanos rezaram pela paz na Terra Santa
Kelen Galvan
Da redação
Neste domingo, 8, judeus, católicos e muçulmanos testemunharam um momento histórico no Vaticano: um encontro de oração pela paz no Oriente Médio.
O encontro histórico entre o presidente de Israel, Shimon Peres, o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, o Papa Francisco e o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, aconteceu nos Jardins do Vaticano.
Os quatro protagonistas do encontro dirigiram-se ao local da oração todos juntos em uma Van, acompanhados pelo Custódio da Terra Santa, Frei Pierbattista Pizzaballa.
Os líderes chegaram aos Jardins Vaticanos ao som de uma música, para propiciar o clima de oração.
O momento de oração foi dividido em três partes, seguindo a ordem cronológica das religiões: judeus, cristãos e muçulmanos.
Judeus
A oração da comunidade judaica, começou com a recitação dos salmos: 8 e 147, lidos em hebraico, em um momento de agradecimento à Deus pela criação.
Em seguida, um momento de pedido de perdão, com a leitura dos salmos 25 e 130, e uma oração de Yom Kippur, o dia do perdão judaico.
Logo após, no terceiro momento, os judeus fizeram uma invocação pela paz, com orações e um cântico judaico.
Cristãos
A segunda religião a dirigir suas orações pela paz foi a Comunidade Cristã, seguindo o mesmo esquema anterior: agradecimento pela criação, pedido de perdão e oração pela paz.
No primeiro momento, o Patriarca Bartolomeu I leu a passagem do livro de Isaías 65, 17-25, seguida por uma oração pela criação.
O pedido de perdão foi realizado a partir da leitura de uma oração de São João Paulo II. E o último momento, de súplica pela paz, foi a oração de São Francisco de Assis, realizada em língua árabe.
Muçulmanos
A Comunidade Muçulmana dirigiu suas orações em árabe seguindo os três momentos propostos para todas as religiões.
Todas as orações foram compostas especialmente para esta ocasião. E cada momento foi intercalado por uma breve música árabe.
Intervenções dos líderes
Após os momentos de oração, os três líderes fizeram um discurso. O Papa Francisco foi o primeiro a falar e aproveitou a ocasião para agradecer Peres e Abbas por terem aceitado seu convite, bem como o Patriarca Bartolomeu I.
“Espero que este encontro seja o início de um caminho novo à procura do que une para superar aquilo que divide”, disse o Santo Padre.
Francisco afirmou que a presença dos presidentes foi um grande sinal de fraternidade e expressão concreta de confiança em Deus. O Pontífice recordou que este momento de oração foi acompanhado por muitíssimas pessoas, de diferentes culturas, pátrias, línguas e religiões, unidas no mesmo pedido de paz.
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“É um encontro que responde ao ardente desejo de quantos anseiam pela paz e sonham um mundo onde os homens e as mulheres possam viver como irmãos e não como adversários ou como inimigos”, destacou.
O Santo Padre enfatizou que para fazer a paz é preciso muito mais coragem do que para fazer a guerra. “É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não à briga; sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações e não às hostilidades; sim ao respeito dos pactos e não às provocações; sim à sinceridade e não à duplicidade. Para tudo isto, é preciso coragem, grande força de ânimo”.
Entretanto, Francisco recordou que a história ensina que as meras forças pessoais não bastam, por isso, o encontro deste domingo destaca que é necessária a ajuda do Senhor. “Não renunciamos às nossas responsabilidades, mas invocamos a Deus como ato de suprema responsabilidade perante as nossas consciências e diante dos nossos povos”, disse o Papa.
Por fim, o Pontífice fez uma oração de súplica, pedindo ao Senhor sua ajuda para alcançar a paz. “Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: ‘nunca mais a guerra'”, rogou um trecho da oração do Santo Padre.
Shimon Peres
Em sua intervenção, Shimon Peres agradeceu o convite feito pelo Papa Francisco e recordou que durante a visita do Pontífice à Terra Santa, o Santo Padre os tocou com o calor de seu coração, sua modéstia e gentileza.
O presidente de Israel destacou que a inspiração do Papa vem de encontro ao desejo de todos pela paz e afirmou que “devemos pôr fim aos gritos, à violência e aos conflitos”.
“Que a verdadeira paz se torne em breve nossa herança”, afirmou Peres.
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Mahmoud Abbas
Em seu discurso, o presidente da Palestina agradeceu ao Santo Padre por ter promovido “este importante encontro” no Vaticano e destacou que a visita do Santo Padre à Palestina foi muito apreciada.
Em seguida, fez uma oração em agradecimento a Deus e pediu a paz na Terra Santa, na Palestina e, de maneira especial, em Jerusalém, para que seja um local seguro para que todos possam rezar nos lugares santos.
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Após os discursos, os quatro líderes saudaram-se e plantaram uma árvore de oliveira como sinal do desejo comum de paz.
Em seguida, houve um momento de saudação das delegações e os lideres retiraram-se para um momento de conversa privada com o Papa Francisco.