Santo Padre lembrou que esperança cristã não é otimismo, mas vai além disso
Da Redação, com Rádio Vaticano
A esperança cristã foi o tema da homilia do Papa Francisco nesta terça-feira, 29, na Casa Santa Marta. Afirmando que a esperança não é otimismo, mas uma ardente expectativa pela revelação do Filho de Deus, o Santo Padre defendeu que os cristãos devem se proteger de clericalismos e atitudes cômodas. Isso porque a esperança cristã é dinâmica e doa vida.
Francisco partiu das palavras de São Paulo na Primeira Leitura do dia para destacar a dimensão única da esperança cristã. Ele explicou que a esperança é segura, mas nem sempre é fácil entendê-la, o que pode fazer a pessoa confundir esperança com otimismo.
“A esperança não é um otimismo, não é aquela capacidade de olhar as coisas com bom ânimo e seguir adiante. Não, isso é otimismo, não esperança (…) Podemos dizer que a esperança é uma virtude, como diz São Paulo, ‘de uma ardente expectativa pela revelação do Filho de Deus’. Não é uma ‘ilusão’”.
Nesse sentido, o Pontífice explicou que ter esperança é justamente essa atitude de tensão para com a revelação, sendo mais que um otimismo. Remetendo aos primeiros cristãos, Francisco lembrou que estes a entendiam como uma âncora fixa na margem. E hoje o caminho é justamente caminhar para esta âncora.
“A mim vem a pergunta: onde estamos ancorados, cada um de nós? Estamos ancorados às margens daquele oceano distante ou em uma lagoa artificial que nós fizemos, com as nossas regras, os nossos comportamentos, os nossos horários, os nossos clericalismos, as nossas atitudes eclesiais? Estamos ancorados ali, tudo cômodo, seguro? Isto não é esperança”, disse.
Outro ícone que São Paulo dá à esperança é o do parto. Trata-se de uma espera dinâmica, que dá a vida. E embora não se veja a premissa do Espírito Santo, sabe-se que Ele trabalha, como um grão de mostarda, mas cheio de vida. Francisco diferenciou então o viver na esperança do viver como bons cristãos, apenas, e citou o exemplo de Maria.
“Penso em Maria, uma moça jovem, quando, depois que ela sentiu que era mãe mudou o seu comportamento e foi, ajudou e cantou aquele cântico de louvor. Quando uma mãe está grávida é mulher, mas não é nunca (somente) mulher: é mãe. E a esperança tem algo disto. Muda o nosso comportamento: somos nós, mas não somos nós; somos nós, mas procurando lá, ancorados lá”.
Ao final da homilia, o Sumo Pontífice dirigiu-se a um grupo de sacerdotes mexicanos que estavam presentes na Missa em ocasião dos 25 anos de ordenação. “Peçam a Maria, Mãe da Esperança, que os vossos anos sejam de esperança, de viver como padres de esperança, doando esperança”.