É o fim que permite que uma história seja escrita, mas cuidado, o fim não está só no final, disse o Papa aos participantes do encontro
Da Redação, com Vatican News
Terminou nesta quinta-feira, 31, a quarta edição do Encontro Internacional de Jovens, organizado em conjunto pela Scholas Occurrentes e World ORT, organização não-governamental judaica que se ocupa de educação e formação profissional. O evento foi realizado na Cidade do México, no Colégio Israelita. O Papa Francisco enviou uma videomensagem aos participantes em espanhol.
Falando aos participantes ao final do encontro, a reflexão do Papa teve como fio condutor a ideia de fim, de morte. “O que seria desta vida se não tivesse também o seu fim? Sei que alguém vai dizer: ‘Padre, não seja fúnebre’. Mas vamos pensar bem nisto. (…) A pergunta sobre a morte é a pergunta sobre a vida, e manter aberta a pergunta sobre a morte, talvez, seja a maior responsabilidade humana para manter aberta a pergunta sobre a vida”.
Francisco explicou que assim como as palavras nascem do silêncio e ali terminam, assim é com a vida: “é a morte que permite que a vida permaneça viva”.
“É o fim que permite que uma história seja escrita, um quadro pintado, que dois corpos se abracem. Mas cuidado, o fim não está só no final. Talvez devêssemos prestar atenção a cada pequeno fim da vida quotidiana. Não só no final da história, que nunca sabemos quando termina, mas no final de cada palavra, no final de cada silêncio, de cada página que se escreve. Só uma vida que é consciente deste instante que termina, torna este instante eterno”.
Por outro lado, considerou o Papa, a morte lembra a impossibilidade de compreender tudo, ensina a, em vida, relacionar-se com o mistério. Na pergunta sobre a morte, disse, formam-se desde sempre as diferentes comunidades, povos e culturas, as diferentes histórias que lutam para se manterem vivas. Por isso mesmo o Santo Padre fala da necessidade de abordar essa questão.
“O mundo já está configurado, onde tudo está explicado, não há espaço para a pergunta aberta. Isso é verdade? É verdade, mas não é verdade. Esse é o nosso mundo. Foi configurado e não há lugar para a pergunta aberta. Num mundo que cultua a autonomia, a auto-suficiência e a auto-realização, parece não haver lugar para o outro. O mundo dos projetos e da aceleração infinita, da rapidez, não permite interrupções, e assim a cultura mundana que escraviza tenta nos anestesiar para esquecer o que significa pararmos no fim”.
Mas o esquecimento da morte é também o seu início, destacou o Papa, considerando que também, uma cultura que esquece a morte começa a morrer por dentro. “É por isso que lhes agradeço tanto! Porque tiveram a coragem de abrir esta pergunta e de passar pelo corpo as três mortes que nos esvaziam a vida! A morte de cada instante. A morte do ego. E a morte de um mundo que dá lugar a um novo”.
“Lembrem-se, se a morte não tem a última palavra, é porque na vida aprendemos a morrer pelo outro”, concluiu o Papa .
Sobre “Scholas Occurrentes”
A Fundação “Scholas Occurrentes”, organização internacional criada pelo Papa Francisco em 13 de agosto de 2013, está presente em 190 países e é atualmente o maior movimento estudantil do mundo. A Fundação tem como objetivo principal a promoção da cultura da paz e do encontro e inclui escolas e redes educativas pertencentes a todas as confissões religiosas e realidades leigas, sejam públicas que privadas.