Em mensagem a encontro sobre pena de morte, Francisco defende a dignidade da pessoa, mesmo tendo cometido pior crime
Da redação
O Papa Francisco enviou, nesta quarta-feira, 27, aos participantes do VII Congresso Mundial contra a pena de morte, que acontece em Bruxelas, na Bélgica, até sexta-feira.
Na mensagem, Francisco destacou como um sinal positivo o fato de mais e mais países apostarem na vida e não mais usarem a pena de morte, ou a eliminarem completamente de sua legislação.
Ele lembrou que a pena capital é uma violação grave do direito à vida que toda pessoa tem. “A vida humana é um presente que recebemos, a fonte mais importante e primária de todos os outros presentes e todos os outros direitos (…) toda vida é boa e sua dignidade deve ser guardada sem exceção”.
O Papa destacou que, embora seja verdade que as sociedades enfrentem com frequência crimes muito graves que ameaçam o bem comum e a segurança das pessoas, atualmente existem outros meios para reparar o dano causado.
Francisco afirmou que a Igreja sempre defendeu a vida e sua visão da pena de morte amadureceu. Em 2018, o Pontífice pediu a alteração do parágrafo 2267 do Catecismo da Igreja Católica relativo à pena de morte, cuja nova redação sublinha a rejeição total desta prática.
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“Durante muito tempo, a pena de morte foi considerada como uma resposta adequada à gravidade de alguns crimes e também para proteger o bem comum. No entanto, a dignidade da pessoa não se perde, mesmo que tenha cometido o pior dos crimes. Ninguém pode tirar sua vida e privá-lo da oportunidade de abraçar novamente a comunidade que ele feriu e fez sofrer”, defende o Papa.
Ele destacou ainda que o objetivo da abolição da pena de morte em todo o mundo representa uma afirmação corajosa do princípio da dignidade da pessoa humana e da convicção de que a raça humana pode enfrentar o crime, bem como rejeitar o mal, oferecendo ao condenado a possibilidade e tempo para reparar o dano cometido, pensar sobre sua ação e, assim, ser capaz de mudar sua vida, pelo menos internamente.
O Papa terminou a videomensagem encorajando os participantes do encontro, bem como aos governantes, para que sejam dados os passos necessários para a abolição total da pena de morte.