Durante o encontro com as autoridades do Azerbaijão o Papa afirmou ser preciso fomentar a cultura da paz, nutrida diálogo e negociações leais
Da redação, com Rádio Vaticano
Na parte da tarde deste domingo, 2, o Santo Padre iniciou suas atividades em terras azerbaijanas, com uma visita de cortesia ao Presidente do país, Ilham Heydar Aliyev, no Palácio Presidencial de Ganjlik, em Baku.
Ao término da cerimônia de boas vindas, o Papa fez uma visita ao Monumento dos que tombaram na guerra da Independência do Azerbaijão.
Em seguinda, Francisco se dirigiu de papamóvel ao Centro Heydar Aliyev, de Baku, dedicado ao pai do atual Presidente, onde manteve um encontro com as Autoridades azerbaijanas.
Em seu discurso, ao agradecer as cordiais saudações do Presidente, em nome do seu Governo e de todo o povo, Francisco disse:
“Cheguei a este país trazendo no coração a admiração pela complexidade e a riqueza da sua cultura, fruto da contribuição dos muitos povos que, ao longo da história, habitaram nestas terras, dando vida a um tecido de experiências, valores e peculiaridades, que caracterizam a sociedade atual”.
No próximo dia 18 de outubro o Azerbaijão celebrará o 25° aniversário de independência. Para o Papa, esta ocasião dá a possibilidade de lançar um olhar de conjunto aos acontecimentos destas décadas, aos progressos realizados e aos problemas que o país está enfrentando.
“O caminho percorrido até agora mostra claramente os esforços consideráveis feitos para consolidar as instituições e favorecer o crescimento econômico e civil da nação. É um percurso que requer constante solicitude de todos, especialmente dos mais vulneráveis”, disse.
Trata-se de um percurso possível, afirmou Francisco, graças a uma sociedade que reconhece os benefícios do multiculturalismo e instaura relações de mútua colaboração e respeito entre as várias comunidades civis e religiosas.
“Espero vivamente que o Azerbaijão continue a trilhar o caminho da colaboração entre diferentes culturas e confissões religiosas. Que a harmonia e a coexistência pacífica alimentem sempre mais a vida social e civil do país, nas suas múltiplas expressões, e assegurem a todos a possibilidade de oferecer a própria contribuição para o bem comum”, expressou.
O Pontífice recordou que o mundo sofre pelo drama de tantos conflitos, “alimentados pela intolerância, promovidos por ideologias violentas e pela negação prática dos direitos dos mais frágeis”. Por isso, disse o Papa, é preciso fomentar a cultura da paz, que se nutre de um incessante diálogo e negociações leais; promover a harmonia entre os Estados, mediante sabedoria e a coragem, que leva ao progresso e à liberdade dos povos e aponta acordos duradouros e pacíficos.
“Quero expressar a minha atenciosa proximidade aos que foram obrigados a deixar a sua terra e aos que sofrem pelos conflitos sangrentos. Espero que a comunidade internacional possa oferecer a sua ajuda indispensável para a abertura de uma nova fase de paz estável na região; dirijo a todos o convite a não poupar esforços para se chegar a uma solução pacífica”.
O Santo Padre exprimiu sua esperança de que o Cáucaso possa ser o lugar, onde as controvérsias e as divergências encontrem, através do diálogo e da negociação, sua recomposição e superação das dificuldades.
“A Igreja Católica, apesar de ser uma presença numericamente exígua no país, está integrada na vida civil e social do Azerbaijão, participa das suas alegrias e é solidária na solução dos seus problemas. Além disso, seu reconhecimento jurídico internacional ofereceu uma maior estabilidade para a vida da comunidade católica no país”.
Francisco concluiu seu pronunciamento exprimindo sua satisfação pelas cordiais relações entre a comunidade católica e a muçulmana, a ortodoxa e a judaica, esperando que aumentem os sinais de amizade e colaboração. “Estas boas relações são de grande importância para a convivência pacífica e a paz no mundo e a cooperação para o bem de todos”, afirmou o Pontífice.
“O apego aos genuínos valores religiosos é completamente incompatível com a tentativa de impor aos outros, pela violência, as próprias convicções, servindo-se, como escudo, do santo Nome de Deus. Que a fé em Deus seja fonte e inspiração de compreensão mútua, respeito e ajuda recíproca em prol do bem comum da sociedade. Deus abençoe o Azerbaijão com a harmonia, a paz e a prosperidade”, admoestou.