Homilia de hoje foi inspirada no Evangelho do dia, que compara o Reino de Deus ao grão de mostrada e ao fermento
Da Redação, com Rádio Vaticano
Para fazer crescer o Reino de Deus, é preciso a coragem de lançar o grão de mostarda e misturar o fermento, mas tantas vezes se prefere uma “pastoral de conservação”. Essa foi a passagem-chave da homilia do Papa Francisco nesta terça-feira, 31, na Casa Santa Marta.
Partindo do Evangelho do dia, em que Jesus compara o Reino de Deus ao grão de mostrada e ao fermento, o Papa notou que ambos os elementos são pequenos e, no entanto, têm dentro uma potência que cresce. Assim é para o Reino de Deus: o poder vem de dentro.
Também São Paulo, na Carta aos Romanos, proposta pela Primeira Leitura, coloca em destaque quantas tensões há na vida: sofrimentos que, porém, não são comparáveis à glória que espera pelo homem. Trata-se, portanto, de uma tensão entre sofrimento e glória, explicou o Papa. E nestas tensões há, de fato, uma “ardente expectativa” para uma revelação grandiosa do Reino de Deus. E a força interna que leva em esperança à plenitude do Reino de Deus é aquela do Espírito Santo.
“É justamente a esperança aquela que nos leva à plenitude, a esperança de sair desta prisão, desta limitação, desta escravidão, desta corrupção e chegar à glória: um caminho de esperança. E a esperança é um dom do Espírito. É justamente o Espírito Santo que está dentro de nós e leva a isso: a algo grandioso, a uma libertação, a uma grande glória. E por isso Jesus diz: ‘Dentro da semente de mostarda, daquele grão pequenino, há uma força que desencadeia um crescimento inimaginável”.
A esperança
Francisco destacou ainda que dentro de cada um e na criação há uma força que desencadeia: há o Espírito Santo, que dá esperança. E ele explicou concretamente o que significa dizer viver em esperança: deixar que estas forças do Espírito ajudem a crescer rumo à plenitude que espera na glória. Mas assim como o fermento deve ser misturado e o grão de mostarda lançado, porque, caso contrário, aquela força interior permanece ali, o mesmo vale para o Reino de Deus, que cresce a partir de dentro, não por proselitismo.
“Cresce a partir de dentro, com a força do Espírito Santo. E a Igreja sempre teve seja a coragem de pegar e lançar, de pegar e misturar, seja também o medo de fazê-lo. E tantas vezes nós vemos que se prefere uma pastoral de manutenção e não de deixar que o Reino cresça. Mas, vamos permanecer aquilo que somos, pequenos, ali, estamos seguros…E o Reino não cresce. Para que o Reino cresça é preciso coragem: de lançar o grão, de misturar o fermento”.
É verdade que, porém, se a semente é lançada, se perde; e se o fermento é misturado se “suja as mãos”, porque sempre há alguma perda ao semear o Reino de Deus, observou o Papa. “Ai daqueles que pregam o Reino de Deus com a ilusão de não sujar as mãos. Estes são guardiões de museus: preferem as coisas belas, e não este gesto de lançar para que a força se desencadeie, de misturar para que a força faça crescer. Esta é a mensagem de Jesus e de Paulo: esta tensão que vai da escravidão do pecado, para ser simples, à plenitude da glória. E a esperança é aquela que vai avante, a esperança não desilude: porque a esperança é muito pequena, a esperança é tão pequena quanto o grão e o fermento”.
A esperança “é a virtude mais humilde”, “a serva”, mas onde existe a esperança, existe o Espírito Santo, que leva em frente o Reino de Deus, disse o Papa. E concluindo a homilia, como de costume, ele convidou os fiéis a fazerem-se algumas perguntas: se acreditam que na esperança há o Espírito Santo com quem falar.