Francisco enviou uma mensagem ao arcebispo de Manágua, na Nicarágua, expressando sua proximidade aos fiéis depois do atentado à catedral local em 31 de julho
Vatican News
“Querido irmão, o acompanho na dor por este ato de vandalismo e estou próximo a você e a seu povo. Rezo por todos vocês.” É o que escreveu o Papa Francisco em mensagem ao arcebispo de Manágua, na Nicarágua, cardeal Leopoldo José Brenes. O purpurado leu a carta e mostrou o vídeo durante a missa presidida, neste domingo, 2, “Dia de silêncio e oração” convocado após o atentado perpetrado, na sexta-feira, 31, contra a catedral da cidade. O lugar de culto foi atingido por uma bomba de coquetel molotov lançada por um homem encapuçado na Capela do Sangue de Cristo. As chamas queimaram também um crucifixo antigo de quatro séculos.
“Um ato infame”, “uma ação terrorista”, afirmou o arcebispo de Manágua em sua homilia, transmitida no YouTube diretamente de sua habitação. O cardeal agradeceu ao Pontífice por sua solidariedade, manifestada também na oração dominical do Angelus no Vaticano: “É bonito sentir a proximidade do Papa como irmão e amigo”, disse ele, uma proximidade que “nos fortalece na fé e nos encoraja a ir adiante”.
O cardeal Brenes enumerou as manifestações de solidariedade recebidas, por escrito ou por telefone, de numerosos representantes da Igreja no mundo, começando pelo Núncio Apostólico na Nicarágua, Dom Waldemar Stanislaw Sommertag, até ao arcebispo de Madri, na Espanha, cardeal Carlos Osoro Sierra, que, num tweet, fala de um “atentado à democracia e à livre expressão da fé”. Há também muitas palavras de proximidade de sacerdotes, universidades católicas e ordens religiosas como os jesuítas. “Neste momento”, afirma o arcebispo de Manágua, “a Palavra de Deus é auxílio e conforto” e “hoje mais do que nunca” o Senhor é “a nossa força”. “Coragem! Os inimigos da Igreja podem destruir todas as imagens” sagradas, “mas nós nos agarramos ao Senhor que nos ama”, “Deus de misericórdia e amor”, reiterou o cardeal, convidando a perdoar o autor do atentado, professando a fé católica e permanecendo conscientes de que “nada nos separará do amor de Cristo”.
Entretanto, na página do Facebook da Arquidiocese de Manágua foram publicadas muitas fotos tiradas pelos fiéis que, neste domingo, criaram pequenos altares em suas casas, para viver o “Dia de silêncio e oração”. “A oração é a nossa força”, se afirma. “A fé do nosso povo permanece mais firme do que nunca.” A mesma página relata também as numerosas mensagens de solidariedade recebidas pela Igreja nicaraguense do mundo inteiro: a Conferência Episcopal do México fala de “ação deplorável” e “ferida dolorosa” e reza pela “concórdia e paz”, os bispos do Equador definem o atentado como “um ataque vandálico e sacrílego” e pedem às autoridades competentes para “investigar e esclarecer a origem desses atos inaceitáveis de violência, que são uma clara expressão de intolerância e ódio à fé”.
Na mesma linha, a Igreja no Panamá diz estar “indignada” com a ferida infligida ao “sentimento religioso” do povo nicaraguense. Também é forte a declaração dos prelados da Costa Rica que dizem: “Rejeitamos e condenamos o ataque covarde (…). Consideramos este ato criminoso como um ataque frontal à Igreja na Nicarágua e à liberdade religiosa” da nação. A mesma condenação vem da Igreja na Guatemala que “deplora o atentado”, e dos bispos da Colômbia que rejeitam “categoricamente” esse “ataque atroz”.
Os sacerdotes e religiosos da Catedral de Manágua informam, num comunicado, que, nos próximos dias, serão divulgadas as modalidades para contribuir para a reconstrução da Capela do Sangue de Cristo. Recentemente houve outros ataques em algumas igrejas da Nicarágua: em 29 de julho, alguns desconhecidos profanaram a Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro no Município de Nindirí, e em 27 de julho, na mesma cidade, o tabernáculo da Capela de Nossa Senhora do Carmo na Paróquia de Nosso Senhor de Veracruz foi jogado no chão.