Este ano, a data que celebra os avós e idosos será realizado no dia 28 de julho, próximo à memória litúrgica dos Santos Joaquim e Ana, avós de Jesus
Da Redação, com Vatican News
Nesta terça-feira, 14, o Papa Francisco divulgou a mensagem para o IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que anualmente é celebrado todo quarto domingo de julho, próximo à memória litúrgica dos Santos Joaquim e Ana, avós de Jesus. O Pontífice oferece uma reflexão proposta do Salmo 71, “Na velhice, não me abandones” (Sal 71, 9), tratando da rejeição na melhor idade, quando as pessoas enfrentam contextos de solidão e sentimentos de descarte.
No início da mensagem, Papa Francisco recorda que “Deus nunca abandona os seus filhos, nem sequer quando a idade vai avançando e as forças já declinam, quando os cabelos ficam brancos e a função social diminui, quando a vida se torna menos produtiva e corre o risco de parecer inútil.” Assim, o Pontífice, logo no início da mensagem, traz encorajamento e esperança. “Podemos, portanto, estar certos de que estará ao nosso lado também na velhice; aliás, segundo a Bíblia, é sinal de bênção poder envelhecer”.
A solidão na velhice
O Santo Padre recorda que nos salmos também encontramos “esta sentida invocação ao Senhor: ‘Não me rejeites no tempo da velhice’ (Sal 71, 9), que faz pensar no sofrimento extremo de Jesus, quando gritou na cruz: ‘Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?’ (Mt 27, 46)”.
“Assim, na Bíblia, encontramos a certeza da proximidade de Deus em todas as estações da vida e, simultaneamente, o temor do abandono, especialmente na velhice e nos períodos de sofrimento”, já que “a molesta companheira da nossa vida de idosos e avós é, com frequência, a solidão”. Francisco relata que, como bispo de Buenos Aires, muitas vezes o sucedeu de ir visitar lares de terceira idade e se dar conta de como raramente recebiam visitas aquelas pessoas. Algumas, há muitos meses, não viam os seus familiares.
O Papa Francisco, então, apresenta, na mensagem, algumas causas dessa solidão, provenientes, por exemplo, de situações de pobreza, conflitos e migrações: “nas cidades e aldeias devastadas pela guerra, permanecem sozinhos muitos idosos e anciãos, únicos sinais de vida em áreas onde parecem reinar o abandono e a morte”.
Há também uma rivalidade dos jovens em relação aos idosos. “Trata-se duma visão distorcida da realidade: é como se a sobrevivência dos idosos colocasse em risco a dos jovens, ou como se, para favorecer os jovens, fosse necessário negligenciar os idosos ou mesmo eliminá-los. O contraste entre as gerações é um equívoco, um fruto envenenado da cultura do conflito. Opor os jovens aos idosos é uma manipulação inaceitável”, ponderou o Sucessor de Pedro.
O descarte dos idosos
Francisco continua a mensagem: “A solidão e o descarte dos idosos não são casuais nem inevitáveis, mas fruto de opções – políticas, econômicas, sociais e pessoais – que não reconhecem a dignidade infinita de cada pessoa”, continuou Francisco na mensagem ao acrescentar nesse pacote triste da terceira idade, o descarte.
O Papa afirmou ainda o quanto os idosos e as próprias famílias acabam sendo vítimas da “cultura individualista” porque, quando se envelhece, as pessoas ficam sem ajuda de ninguém: “cada vez mais ‘perdemos o gosto da fraternidade’ (FRANCISCO, Carta enc. Fratelli tutti, 33)”.
“A solidão e o descarte tornaram-se elementos frequentes no contexto em que estamos imersos”. Mas a Sagrada Escritura apresenta opções diferentes face à velhice, porque “viver sozinhos não pode ser a única alternativa”. Diante de um ‘não me abandones’, é possível responder ‘não te abandonarei!’, cuidando ‘de um idoso ou simplesmente demonstrando diariamente solidariedade a parentes ou conhecidos que não têm mais ninguém’. Manter-se junto aos idosos, comenta ainda Francisco, reconhecer ‘o papel insubstituível que eles têm na família, na sociedade e na Igreja, também nós receberemos muitos dons, tantas graças, inúmeras bênçãos!'”.
“Neste IV Dia Mundial a eles dedicado, não deixemos de mostrar a nossa ternura aos avós e aos idosos das nossas famílias, visitemos aqueles que estão desanimados e já não esperam que seja possível um futuro diferente. À atitude egoísta que leva ao descarte e à solidão, contraponhamos o coração aberto e o rosto radioso de quem tem a coragem de dizer ‘não te abandonarei!’ e de seguir um caminho diferente.”