Em sua mensagem de Páscoa, Francisco faz apelo a políticos para que promovam a paz; após a leitura, Pontífice concedeu bênção Urbi et Orbi e andou no papamóvel pela Praça São Pedro
Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco passeia no papamóvel, entre os fiéis, na praça São Pedro / Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane
Após a Missa de Páscoa deste domingo, 20, o Papa Francisco surgiu na varanda central da Basílica de São Pedro. Acolhido pelos fiéis reunidos na Praça, o Pontífice os saudou antes da leitura da Mensagem de Páscoa e de conceder a bênção Urbi et Orbi.
“Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa”, desejou o Pontífice. Na sequência, pediu ao mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, Monsenhor Diego Ravelli, que fizesse a leitura da mensagem.
O Santo Padre inicia o texto destacando o canto de Aleluia, que enfim volta a ressoar e faz chorar de alegria o povo de Deus no mundo inteiro. “Do sepulcro vazio de Jerusalém chega até nós um anúncio sem precedentes: Jesus, o Crucificado, «não está aqui; ressuscitou!» (Lc 24, 6). Não está no túmulo, está vivo”, expressa.
“O amor venceu o ódio. A luz venceu as trevas. A verdade venceu a mentira. O perdão venceu a vingança. O mal não desapareceu da nossa história e permanecerá até ao fim, mas já não lhe pertence o domínio, não tem qualquer poder sobre quem acolhe a graça deste dia”, prossegue Francisco.
Humanidade não foi feita para a morte, mas para a vida
Ele pontua que o grito silencioso daqueles que passam pela dor e angústia foi ouvido. Na paixão e morte de Jesus, Deus tomou sobre Si o mal do mundo e o derrotou. Com a ressurreição de Cristo, a esperança se fundamenta e se concretiza.
“Quem espera em Deus coloca as suas mãos frágeis na mão grande e forte Dele, deixa-se levantar e põe-se a caminho: juntamente com Jesus ressuscitado, torna-se peregrino de esperança, testemunha da vitória do Amor e do poder desarmado da Vida”, escreve o Papa.
Segundo o Pontífice, no anúncio da ressurreição encontra-se o sentido da existência humana, que não foi feita para a morte, mas para a vida. “Deus criou-nos para a vida e quer que a humanidade ressurja!. Aos seus olhos, todas as vidas são preciosas! Tanto a da criança no ventre da mãe, como a do idoso ou a do doente, considerados como pessoas a descartar em um número cada vez maior de países”, expressa.
Neste contexto, o Santo Padre denuncia o “desejo de morte” verificado, todos os dias, nos conflitos espalhados pelo mundo e na violência e no desprezo pelos mais fracos. “Neste dia, gostaria que voltássemos a ter esperança e confiança nos outros, mesmo naqueles que não nos são próximos ou que vêm de terras distantes com usos, modos de vida, ideias e costumes diferentes dos que nos são familiares, porque somos todos filhos de Deus”, pede.
Orações pelos países em guerra e que sofrem
Francisco exorta todos a ter esperança de que a paz é possível. Na sequência, manifesta sua proximidade ao povo israelita e palestino. Ele chama a atenção para “o crescente clima de antissemitismo que se está a espalhar por todo o mundo” e dirige seu pensamento aos que sofrem pelo conflito em Gaza, clamando pelo cessar-fogo, pela libertação dos reféns e pela assistência à população que deseja a paz.
O Papa pede ainda, aos fiéis, que rezem pelas comunidades cristãs do Líbano e da Síria, exortando toda a Igreja a acompanhar com atenção e oração os cristãos do Oriente Médio. Ele dirige ainda um pensamento especial ao povo do Iêmen, que sofre com a crise humanitária causada pela guerra.
Prosseguindo, o Pontífice roga a Cristo ressuscitado que derrame o dom da paz sobre a Ucrânia, encorajando as partes envolvidas a prosseguirem os seus esforços para alcançar uma paz justa e duradoura. Ele também pede orações pela rápida assinatura e aplicação de um definitivo Acordo de paz entre a Armênia e o Azerbaijão e clama que a luz da Páscoa inspire propósitos de concórdia nos Balcãs Ocidentais.
Por fim, o Santo Padre expressa seu desejo que Deus conceda paz e conforto aos povos africanos vítimas de violência e conflitos, especialmente na República Democrática do Congo, no Sudão e no Sudão do Sul, e apoie os que sofrem devido às tensões no Sahel, no “Chifre da África” e na região dos Grandes Lagos, bem como os cristãos que em muitos lugares não podem professar livremente a fé.
Apelo aos políticos pela promoção da paz
Não é possível haver paz onde não há liberdade religiosa ou liberdade de pensamento e de expressão, pontua Francisco. Da mesma forma, não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento. “A luz da Páscoa incita-nos a derrubar as barreiras que criam divisões e que acarretam consequências políticas e económicas. Incita-nos a cuidar uns dos outros, a aumentar a solidariedade mútua, a trabalhar em prol do desenvolvimento integral de cada pessoa humana”, sinaliza.
O Papa exorta ainda a ajuda ao povo de Mianmar, que hoje enfrenta as consequências de um terremoto que deixou milhares de mortos, além de sofrimento para os sobreviventes. “Rezemos pelas vítimas e pelos seus entes queridos e agradeçamos de todo o coração a generosidade dos voluntários que levam a cabo as operações de socorro”, pede.
Concluindo sua mensagem, o Pontífice faz um apelo aos políticos de todo o mundo para que não cedam à lógica do medo que fecha, mas usem os recursos disponíveis para ajudar os necessitados, combater a fome e promover iniciativas que favoreçam o desenvolvimento. “Estas são as ‘armas’ da paz: aquelas que constroem o futuro, em vez de espalhar morte”, expressa.
“Neste ano jubilar, que a Páscoa seja também uma ocasião propícia para libertar os prisioneiros de guerra e os presos políticos”, cita o Santo Padre. “Na Páscoa do Senhor, a morte e a vida enfrentaram-se num admirável combate, mas agora o Senhor vive para sempre e infunde em cada um de nós a certeza de que somos igualmente chamados a participar na vida que não tem fim, na qual já não se ouvirá o fragor das armas nem os ecos da morte. Entreguemo-nos a Ele, o único que pode renovar todas as coisas”, finaliza.
Urbi et Orbi e passeio no papamóvel
Após a leitura da Mensagem de Páscoa, o Papa Francisco concedeu a bênção Urbi et Orbi aos fiéis reunidos. Depois, passeou no papamóvel pela Praça São Pedro, passando entre os peregrinos e saudando-os mais de perto.