No último dia de 2019, Papa Francisco presidiu a celebração das vésperas e Te Deum em ação de graças nesse fim de ano
Da Redação
Com espírito de gratidão, o Papa Francisco presidiu, nesta terça-feira, 31, no Vaticano, a celebração das Vésperas na Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus e Te Deum – hino litúrgico tradicional, de louvor a Deus – em ação de graças neste fim de ano.
A homilia de Francisco na ocasião partiu de um paralelo entre as cidades de Jerusalém e de Roma, com inspiração no capítulo quarto de Gálatas: “Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho”. O Santo Padre recordou que, pelas ruas de Jerusalém, ninguém se dava conta de que o Filho de Deus estava ali, caminhando pelas ruas. “As palavras e sinais de salvação que Ele realiza na cidade provocam estupor e entusiasmo momentâneo, mas não são acolhidos na plenitude de seus significados”.
Francisco destacou que Deus fincou sua tenda na cidade e dali nunca mais se afastou. Hoje, os homens devem pedir justamente essa graça de olhos novos, um olhar contemplativo, um olhar de fé, que descubra Deus que habita as casas, ruas e praças da cidade.
“Os profetas, nas Escrituras, advertem contra a tentação de vincular a presença de Deus somente ao templo. Ele vive em meio ao seu povo, caminha com ele e vive a sua vida. Sua fidelidade é concreta, é proximidade à existência cotidiana de seus filhos”.
O Papa lembrou que, quando Deus quer fazer novas todas as coisas por meio de seu Filho, não começa pelo templo, mas pelo ventre de uma mulher pequena e pobre de seu povo. “Essa escolha de Deus é extraordinária”, disse, explicando que Deus não muda a história por meio de homens poderosos das instituições civis e religiosas, mas a partir das mulheres da periferia do império, como Maria, e de seus ventres estéreis, como aquele de Isabel.
Francisco destacou ainda a necessidade de olhar as coisas com o ponto de vista do olhar de Deus, que se alegra ao ver quantas realidades de bem são concretizadas a cada dia, os esforços de solidariedade, de fraternidade. “Roma não é somente uma cidade complicada, com muitos problemas, desigualdades, corrupção e tensões sociais. Roma é uma cidade em que Deus envia a sua Palavra”, que encontra morada no coração dos seus habitantes e os leva a acreditar não obstante tudo.
Hoje, Deus impele ao encontro com o outro, à relação com os habitantes da cidade para que a sua mensagem se espalhe. Trata-se de um chamado a se colocar à escuta dos outros, ao seu clamor de ajuda. “A escuta já é um ato de amor, ter tempo para os outros, dialogar, reconhecer com olhar contemplativo a presença e a ação de Deus em suas vidas. Testemunhar com as obras mais que com palavras a vida nova do Evangelho é realmente um serviço de amor que transforma a realidade”.
Encerrando a reflexão, o Papa disse que, desse modo, circula ar novo na cidade e também na Igreja, a vontade de colocar-se a caminho, colaborando para construir uma cidade mais justa e fraterna. E não se deve ter medo desta missão. “Deus não nos escolhe por causa da nossa capacidade, porque somos bons, mas precisamente porque somos e nos sentimos pequenos. Agradeçamos a Ele por sua graça que nos sustentou nesse ano e, com alegria, elevemos o canto de louvor”, concluiu.