DISCURSO EM TRIESTE

Papa: “cuidar uns dos outros requer a coragem de pensar como povo”

Ao participar de encerramento da 50ª Semana Social dos Católicos em Trieste, Francisco exorta católicos a promover participação de todos na democracia

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco em seu discurso aos participantes da 50ª Semana Social dos Católicos em Trieste / Foto: REUTERS/Alessandro Garofalo

Neste domingo, 7, o Papa Francisco foi a Trieste, na Itália, para participar da 50ª Semana Social dos Católicos no país. Durante sua visita pastoral, fez um discurso aos participantes do evento, no qual ressaltou o principal tema abordado: a democracia.

Durante sua fala, o Pontífice realizou uma análise do estado de saúde desta forma de governança. O resultado evidente, afirmou, é que no mundo atual a democracia não tem uma boa saúde. “Isso nos interessa e nos preocupa porque está em jogo o bem do homem, e nada daquilo que é humano pode nos deixar indiferentes”, salientou ainda.

O Santo Padre expressou que a crise da democracia é como um coração ferido. “Toda vez que alguém é marginalizado, todo o corpo social sofre”, acrescentou, e “a cultura do descarte traça uma cidade onde não há lugar para os pobres, os nascituros, as pessoas frágeis, os doentes, as crianças, as mulheres, os jovens”.

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Um dos princípios da democracia, sublinhou Francisco, é que se criem condições para que todos possam se expressar e participar. Algo que deve ser aprendido desde criança, desenvolvendo o sentido crítico perante as tentações ideológicas e populistas. Nesta perspectiva, prosseguiu o Papa, o cristianismo pode contribuir ao promover um diálogo fecundo com a comunidade civil e com as instituições políticas para que se libertem das “escórias da ideologia”.

Participação de todos

Uma democracia com o coração curado continua a cultivar sonhos para o futuro, coloca em jogo, chama à participação pessoal e comunitária.
– Papa Francisco

Como “terapia” para que a democracia se assemelhe a um coração curado, o Pontífice indicou a participação. Para isso, pontuou, é preciso exercitar a criatividade. “A fraternidade faz florescer as relações sociais; e, por outro lado, o cuidar uns dos outros requer a coragem de pensar como povo”, declarou.

Enquanto católicos, incentivou o Santo Padre, é preciso ter a coragem de fazer propostas de justiça e de paz no debate público. “Devemos ser voz que denuncia, propositiva numa sociedade muitas vezes áfona e onde demasiados não têm voz. Este é o amor político, que não se contenta de cuidar dos efeitos, mas busca enfrentar as causas. É uma forma de caridade que permite à política estar à altura das suas responsabilidades e de sair das polarizações, que empobrecem e não ajudam a entender e enfrentar os desafios”, manifestou.

Por fim, Francisco exortou os fiéis a se formar neste amor, para colocá-lo em circulação em um mundo que carece de paixão civil. “Aprendamos sempre mais e melhor a caminhar juntos como povo de Deus, para ser fermento de participação em meio ao povo do qual fazemos parte”, animou o Papa.

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